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Comportamento, consumo e estilo masculino

De suplementos a vestuário, vegetarianos e veganos movimentam mercado de produtos e serviços especializados

Acima de modismos, essas filosofias têm atraído cada vez mais adeptos e diversificado o mercado de produtos e serviços. Veja que já possível ser feliz, gastar pouco e banir da sua rotina o consumo de proteína animal e artigos derivados.

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Por Eduardo Vilas Bôas
Atualização:
Peças da marca King55 Foto: Divulgação

Muito provavelmente você deve ter pelo menos algum amigo vegetariano ou vegano. A tendência, aliás, é que o número de pessoas adeptas de uma dieta livre de proteína animal aumente cada vez mais. Os números no Brasil ainda são imprecisos, mas uma pesquisa da Target Group Index, do IBOPE Media, realizada em 2012, apontou que 8% da população era à época vegetariana, o que corresponderia hoje a aproximadamente 16 milhões de habitantes.

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Um dado mais recente da população britânica apontou um aumento de 360% no número de veganos entre 2006 e 2016. Em uma década o número subiu de 150 mil para 542 mil declarados. Deste total, 42% são pessoas com idade entre 15 e 34 anos e 88% vivem em áreas urbanas, tendo Londres a concentração de 22% dos veganos.

Os grandes centros urbanos são mais receptivos a filosofia do vegetarianismo e veganismo. A cidade de São Paulo, segundo aquela pesquisa do IBOPE Media, detinha o maior número de adeptos em 2012 no Brasil, com 792 mil vegetarianos (7% da população). Fortaleza, no entanto, proporcionalmente tinha maior concentração, 14%, o que correspondia a 350 mil pessoas.

Há ainda uma imensurável parcela de simpatizantes que esperam o melhor momento para sua tomada de decisão, mas que já tem diminuído o consumo de carne ou eventualmente optado pelos itens vegetarianos. Segundo pesquisa do IPSOS (2007), 28% da população brasileira quer reduzir o consumo de carne.

Diferenças e classificações quanto aos tipos de vegetarianos.  Foto: Estadão

De olho nesses números, o mercado já tem melhorado a oferta de produtos e serviços, o que incentiva diretamente a entrada de novos adeptos ao vegetarianismo (os veganos ainda têm menos opções à disposição). Mas, se você é um desses homens que tem (re) pensado sua dieta e seus valores, bem como sua contribuição direta para o bem-estar do mundo (e não só animal), vale destacar que hoje já possível ser feliz, gastar pouco e banir - ou pelo menos diminuir - o consumo de proteína animal e artigos derivados da sua rotina.

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Suplementação: aquela ideia de que vegetarianos e veganos são franzinos porque não consomem proteína animal tem sido desmistificada, tanto pelo melhor entendimento dos profissionais da área, como pelos exemplos que despontam nas academias, assim como pelo lançamento de produtos de suplementação nutricional 100% vegetais, voltados para resistência física, ganho de massa magra, volume e recuperação muscular de atletas em diversas modalidades. Há opções que atendem ainda intolerantes à lactose e glúten e diabéticos. Converse com o seu nutricionista e preparador físico. Sugestões: Soy Protein (Performance), 100% Soy Protein Premium (Body Action), linha Sports Nutrition (VeganWay), SoyPro (Universal Nutrition) e Natural Vegan (Max Titanium).

Produtos industrializados: muitas pessoas ainda preferem consumir produtos vegetarianos com a aparência e textura próximos das versões com carne ou já pré-preparados. E esses produtos industrializados têm ganhado cada vez mais espaço nos freezers dos supermercados brasileiros. Hoje já é possível encontrar nuggets, presuntos, quibes, coxinhas, salsichas, linguiças, sorvetes, requeijões e muitos outros produtos sem proteína animal. O setor supermercadista tem investido também na oferta dos alimentos frescos (in natura), como grãos, sementes, cereais e maior diversidade de frutas, legumes e verduras.

Restaurantes: segundo a Revista dos Vegetarianos, na sua edição especial do Guia dos Restaurantes 2016, há hoje no país 230 restaurantes vegetarianos. E ainda se observa uma crescente oferta de opções veganas em inúmeros estabelecimentos não-vegetarianos, como lanchonetes, hamburguerias, pizzarias e restaurantes em geral. E, não pense que as opções são apenas saladas. Há um universo de pratos quentes e frios a serem degustados, existe até feijoada vegetariana!

Cosméticos: a maioria das indústrias ainda usa animais para realizar testes de cosméticos (hidratantes, perfumes, xampus, sabonetes etc.), os quais envolvem sofrimento e abates regulares: os coelhos, por exemplo, são cobaias para testes de irritação do globo ocular! Os ativistas dos direitos dos animais afirmam que os estudos são ineficazes e que drogas perigosas, como o super calmante talidomida, que causou má formação de crianças na década de 1950, foram aprovados mesmo depois de testadas em animais. A União Europeia aprovou, recentemente, novas regras que restringem o uso de animais em testes científicos, até a China, que obrigava o teste em animais para comercialização no país, baixou a exigência. Na internet é possível encontrar listas de marcas que não testam em animais e/ou que não usam componentes de origem animal em sua composição. Não se preocupe por que há dezenas de opções. Confira a relação do PEA (Projeto Esperança Animal).

Moda: a chamada moda vegan-friendly se preocupa não só com a eliminação da exploração animal (sem pele, sem pelo), mas também com as pessoas envolvidas no processo (olha quantos casos têm surgido na mídia de marcas famosas que empregam trabalhadores em condições análogas à escravidão!) e, cada vez mais, preocupa-se também com a estética dos produtos, ou seja, moda vegan-friendly também é sustentável. Mas, de todas as categorias citadas neste post, com certeza essa é a que tem o menor número de opções. Cito algumas marcas que vendem artigos masculinos: King 55, ahimsa, Nicole Bustamante, VeganoShoes e Cofi. Se você conhece outras, deixe sua indicação nos comentários.

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A ideia do post de hoje não é catequizar ou criticar ninguém, mas dizer para aqueles que se interessam pela questão que há sim, e cada vez mais, um universo de opções para um consumo mais consciente.

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