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Comportamento, consumo e estilo masculino

Estilo pessoal ganha evidência na composição do guarda-roupas masculino

O fim da ditadura da moda traz liberdade de escolha e uma nova forma de consumir roupas para os homens.

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Por Eduardo Vilas Bôas
Atualização:

"A moda passa, o estilo é eterno" já afirmara Coco Chanel. E cada vez mais democrática, a moda masculina tem encontrado questões antes restritas ao universo feminino. Por exemplo, é correto misturar estampas? Usar peças coloridas não fica exagerado? Homens podem usar acessórios? Na verdade, essas respostas são muito relativas e estão mais focadas no gosto do indivíduo do que com a moda.

REUTERS / Lucas Jackson Foto: Estadão

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O que você realmente precisa saber sobre moda masculina é que o estilo pessoal prevalece sobre os modismos. Isso mesmo, seu guarda-roupas hoje pode ser o mesmo enquanto suas peças durarem, independente das tendências. É claro que existem perfis de homens que são mais abertos às novidades e querem estar sempre vestidos com os últimos lançamentos. Mas eles não estão errados - e nem você em não querer mudar tanto. A moda hoje é totalmente permissiva.

Escrevi aqui sobre uma pesquisa que aponta o fim próximo do uso das barbas como modismo. Alguns homens comentaram que há 20 anos usam e continuarão utilizando barba independente de qualquer pesquisa. Oras, é claro que vão continuar usando! Exatamente porque a barba faz parte do seu universo particular, do seu estilo pessoal. Para outros homens, no entanto, a barba só foi adotada a partir do momento em que os barbudos ganharam evidência e, da mesma forma, vão abandoná-la quando essa estética for substituída por outra.

Quer outro exemplo? Veja como as lojas de roupa estão segmentadas. Você certamente adora determinada marca e nem consegue entrar em tantas outras. Mesmo nas grandes redes de magazine você identifica estilos muito diferentes. Isso acontece porque os produtos são desenvolvidos pensando-se no estilo de vida do consumidor e não somente nas tendências, o que torna o produto mais identitário para o consumidor.

A psicoterapeuta, professora e pesquisadora Dra. Cristiane Mesquita, afirma num de seus livros que a mudança na aparência gera aparência de mudança, já que a subjetividade contemporânea é composta por fluxos tão intensos que a capacidade de mudar a si próprio, pela inserção de piercings, tatuagens, acessórios, trocas constantes de roupas e cortes de cabelos, é tida como um estado ideal.

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REUTERS / Lucas Jackson Foto: Estadão

Mas isso não significa que você precisa ser refém da moda para estar na moda. Aquela imposição ditatorial ficou no passado, vivemos na era da individualidade. O que impera na cultura do momento, como afirma Mesquita, é a necessidade de trocar, substituir, inventar, alterar produtos e estéticas, mas SEMPRE dentro do seu estilo pessoal.

Dario Caldas, pesquisador de tendências brasileiro, explica que a partir dos anos 1990 é como se todos os períodos da humanidade estivessem em latas nas prateleiras de um supermercado e nós pudéssemos pegar e misturar conforme quiséssemos, ou seja, a receita agora é sua.

Esse cenário mais democrático é reflexo direto da velocidade acelerada que as relações sociais e o consumo de estéticas alcançaram na era da internet e, principalmente, dos smartphones. Reza a lenda que o Brasil é o país que tem maior número de veículos de comunicação com seções de moda, ou seja, querendo ou não sempre nos esbarramos com dicas, notícias, avisos e propagandas de moda - o que acaba expandido nosso referencial criativo e os limites do que é aceitável e bonito para nosso guarda-roupas.

Para os homens mais jovens, que nasceram dentro desse contexto de liberdade, é mais fácil experimentar novas estéticas e expressar-se visualmente como realmente querem. Para os mais tradicionais, no entanto, eventualmente alguma moda poderá lhe agradar e você vai incorporá-la no seu guarda-roupas. Note, no entanto, que você vai usar porque gostou e não porque isso ou aquilo estão na moda.

A ponderação deve ser a palavra-chave, já que você deve se preocupar em evitar os extremos, ou seja, não mude demais e nem viva preso no passado. Conheça os novos produtos da temporada e, na medida do seu interesse, incorpore eles no seu visual e demonstre-se como uma pessoa antenada e preocupada com sua imagem pessoal.

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O importante, meu caro, é saber realmente o que valoriza sua personalidade - e seu típico físico. Isso sim vai dizer o quanto você deve ser vulnerável a efemeridade da moda.

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