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Arquitetura, decoração e design

Álbum de família

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Por Ana Garrido
Atualização:

    Ana Paula Garrido - O Estado de S.Paulo Impossível ver uma fotografia, em porta-retrato ou parede, e não se aproximar para tentar identificar a pessoa, o lugar ou mesmo ver se a pose ficou boa. Se o retrato for antigo, então, a atração está garantida. É o que acontece nestes três projetos, onde os registros de família viraram parte da decoração. Nesta casa, na Vila Madalena, a ideia de criar nichos em volta da escada surgiu de um problema. ?Uma coluna invadia parte da parede da escada e precisávamos de um enfeite para o lugar?, lembra a arquiteta Marília Caetano, que sugeriu à moradora Betina montar a ramificação das famílias: de um lado fica a da mulher, do outro, a do marido. A primeira etapa foi reunir as fotos. ?Tinha uma caixa enorme na casa da minha mãe. Fiquei vendo e lembrando de coisas que já havia esquecido há muito tempo.? Depois, elas fizeram cópias em sépia e em preto e branco e escolheram molduras com estilo mais antigo: de madeira dourada. E, por fim, decidiram onde ficaria cada retrato. ?Quando o morador quiser pintar a parede, basta fotografar a composição para se lembrar da ordem das molduras?, ensina a arquiteta. Mesmo de fora da árvore genealógica em fotos, os filhos do casal adoraram a ideia, pois assim, conseguem ver quem é quem na família. As visitas mais íntimas também costumam dar uma paradinha entre um lance e outro da escada. ?Os amigos perguntam se as famílias estão de lados opostos para não brigarem?, se diverte Betina. Sem se prender ao tempo, a galeria criada por Marcelo Rosset, em Higienópolis, se renova com a família, tão grande quanto o corredor que abriga as fotos. A proprietária até gostaria de ter retratos dos pais, tios e avós, mas só couberam os registros da história do casal e seus sete filhos. ?Deixamos tudo em uma sequência linear para aproveitar o espaço e mostrar o crescimento da família?, diz Rosset. As fotos receberam molduras iguais para dar leveza à minigaleria. E o arquiteto usou cores claras e iluminação dicroica, para garantir uma distribuição uniforme da luz para os dois lados. No fim do corredor, há um pequeno canto sem quadros ? a última foto, do segundo neto, já tem um ano. Mas, se depender de Vivian, a dona da casa, não vai demorar muito para ele ser ocupado. ?Cada um que casar leva uma foto de recordação. Se ainda assim o espaço ficar pequeno, vamos ter de mudar de apartamento?, brinca. Foi mudando para um apartamento, também em Higienópolis, que Bettina (esta com dois ?T?s) pôde construir seu acervo. ?Pensei ?finalmente, tenho um apartamento onde cabem fotos?. Daí, garimpei com a família.? A ideia de compor uma linha da memória, como define a proprietária, veio durante a reforma feita por Gustavo Calazans. ?Queria resgatar pessoas da família que eu nem conheci e mostrar o clima da época?, diz ela. Os modelos, por sua vez, contribuem para formar o elo com os dias de hoje. ?Tem uma da minha mãe pequena arrumada com toda a pompa de antigamente. É divertido fazer a comparação com meu filho, que está com a mesma idade agora.? Sem marcas do tempo O fotógrafo Paolo Massimo, do Laboratório da Memória Fotográfica, alerta para o perigo da umidade, que pode estar na parede, principalmente naquelas com encanamento embutido, ou no papelão atrás da foto. Se a opção for por álbuns, prefira os modelos com cantoneira e use folhas de papel manteiga entre os retratos.      

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