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Arquitetura, decoração e design

Clássico arejado

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A coleção de obras de arte, que inclui, entre outras, peças sacras do século 17 e pinturas dos anos 60, já existia quando o arquiteto Sidney Quintela concebeu o projeto deste apartamento na praia de Ondina, em Salvador. Aliás, ela norteou o desenho dos espaços. Com um grande living aberto, integrando estar, jantar e cozinha, e uma suíte, o imóvel de 178 m² exibe uma ocupação contemporânea combinada a uma decoração marcada por móveis tradicionais e objetos de personalidade. A moradora fez questão de usar peças de família, como antigos bustos de mármore que aparecem em destaque até mesmo no banheiro, para, de certa forma, fazer uma resgate da memória familiar. ?Propusemos um mistura de épocas ? a clássica e a contemporânea. A distribuição de espaços se dá de forma atual e a composição estética se aproxima do clássico?, diz o arquiteto. O resultado é que, logo ao entrar no apartamento, se vê em um extremo a discreta cozinha da Todeschini em tons de marrom, e, no outro, um anjo barroco de madeira ao lado de uma tela de Vik Muniz, versão para a obra Mulher Chorando, de Picasso. ?Esse acervo demonstra o ecletismo exuberante do ambiente, onde existem muitas histórias a serem contadas?, diz Quintela. Depois do corredor de entrada, onde a tela de Carlos Araujo, que vai do chão ao teto, foi posicionada diante de colunas douradas, um canto sintetiza bem a mistura de épocas presente em todo o apartamento: uma mesa antiga com pés de ferro e tampo de mármore faz companhia a quatro cadeiras do jovem designer alemão radicado na Holanda Maarten Baas, estrela em ascensão no cenário internacional. Da coleção Smoke, os móveis com desenho clássico têm partes da madeira queimadas, o que deu a eles um novo perfil, quebrando seu ar sóbrio.       ?O desafio maior do projeto foi dialogar com tantas peças importantes, sem que uma ofuscasse a outra, e conseguir atingir uma harmonia, mesmo com peças tão variadas?, conta o arquiteto, que, para ajudar a compor esse clima, usou florões de MDF pintados de dourado nas quinas do teto. Especial atenção foi dedicada à iluminação do imóvel ? ainda que o janelão no estar proporcione luz natural suficiente para deixar todo o living bastante claro. O objetivo declarado foi valorizar as obras de arte. Com focos de luz localizados sobre telas e esculturas, à noite, a iluminação ganha em dramaticidade, sem abrir mão de outros pontos, como as arandelas do estar e o lustre dourado sobre a mesa do jantar ? o tom também aparece em destaque nos acessórios do dormitório. Nos revestimentos a opção foi por tons pastel, que remetessem ao clássico, como os mármores botticino e rosso verona usados no piso de todo o apartamento e tecidos de seda. ?Conseguimos criar uma sensação de conforto e cultura e ainda resgatar um pouco de uma época em que as pessoas valorizavam a história de sua família?, acredita Quintela.

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