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Arquitetura, decoração e design

Parece, mas não é

Por Ana Garrido
Atualização:

  Marcelo Lima ? O Estado de S.Paulo A face lúdica do design, expressa por móveis e objetos que jogam com a ambiguidade de suas formas, funções e matérias-primas, é tema da exposição ?Parece mas não é?, em cartaz até 23 de junho na Galeria Firma Casa. Ao todo, são 16 obras, de nove designers, entre eles dois brasileiros, Carol Gay e Zanini de Zanine, selecionados pelo crítico Waldick Jatobá. ?Pensamos no desejo que sentimos de tocar certos objetos. Também nos interessava o humor. Não qualquer humor, mas aquele que serve de distinção, que identifica uma determinada produção?, diz Jatobá, sobre os critérios de seleção. ?Queríamos ter nomes nacionais e internacionais e, sobretudo, profissionais mais jovens. Trazer um pouco do frescor para a Firma Casa?, pontua. Bastante apropriado, o título da mostra faz alusão àqueles objetos que despertam a curiosidade de quem os observa e, eventualmente, os usa. ?São peças em geral muito simples, mas que atiçam nossa curiosidade. À primeira vista, se parecem com alguma coisa, mas, quando chegamos perto, descobrimos outra. É esse o objetivo: sugerir novas associações de pensamento?, conta o curador. No caso das cadeiras da alemã Veronika Wildgruber, o material é o principal responsável pelo apelo das peças. À distância ninguém diria que seus assentos e encostos não foram confeccionados com espuma revestida de couro sintético. Apenas se aproximando, ou mesmo tocando a peça, se tem a clara noção do que ela é feita: madeira torneada. Menos ambígua em relação à função, mas atraente sobretudo por sua inventividade e potencial estético, a mesa Cobre, de Carol Gay, é outro dos destaques. ?Além de oferecer excelentes condições de acabamento, o cobre atrai por sua preciosidade e brilho. É um objeto que embaralha códigos: é rica e banal ao mesmo tempo?, considera Jatobá. Completam o elenco de designers, Catarina Carreiras, Elliott Burford, Frank Willems, Margaux Keller e Valentina Carreta, com delicados objetos de vidro e porcelana. Além de Ron Gilad, sensação na Semana de Design de Milão de 2011, com enigmáticos espelhos produzidos como peças únicas e apresentados pela Galeria Dilmos. Emblematicamente posicionada na entrada da exposição, Luís XV vai para Esparta, poltrona de Maurizio Galante e Tal Lancman, para a Cerruti Baleri, faz das limitações do mármore (rigidez e frieza) um pretexto para criar um móvel suave e confortável. Uma peça estofada com poliuretano e coberta por tecido 100% seda, que reproduz a fotografia de um mármore. Acreditando que exposições de design devem levar emoção a seus visitantes, Jatobá investiu pesado na cenografia da mostra. A ideia foi compor um espaço multissensorial, reunindo objetos que podem ser tocados, projeção de imagens e até concertos de música erudita ? 30 sinfonias são tocadas ininterruptamente no horário de funcionamento da galeria. Uma trilha na medida, para embalar uma mostra que não merece apenas ser vista. Mas também sentida.    

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