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Arquitetura, decoração e design

Primeira impressão

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Por Ana Garrido
Atualização:

    Ana Paula Garrido - O Estado de S.Paulo De um mero espaço de passagem entre o elevador e o apartamento, o hall de entrada pode ganhar personalidade com projetos nada complicados, que estendem o alcance da decoração de interiores. O segredo é lançar mão da criatividade, como se vê a seguir. Neste apartamento da Vila Olímpia, o hall virou atração no edifício onde mora o empresário Celio Aschar Junior. ?Às vezes estou aqui à noite com a porta aberta e ouço o sinal do elevador, sem que estivesse esperando visitas. Quando vou olhar são vizinhos que param no meu andar só para olhar. Já me acostumei?, diz. Foi ele mesmo quem pensou na decoração do espaço e foi atrás dos materiais, como o ladrilho hidráulico no formato do mapa de São Paulo, comprado na C&C. ?Como sempre quis morar em uma casa, trouxe a calçada e o banquinho, para criar a sensação de estar em um quintal.? Junior tem uma predileção por halls de entrada ? também na agência publicitária onde trabalha, a Mix Brand Experience, a área de boas-vindas chama a atenção. ?Geralmente, ninguém liga para esse espaço, mas é a primeira impressão que a pessoa tem da sua casa?, afirma. Essa é a teoria de todos que decidem investir em um projeto exclusivo para esse cantinho. ?Quando você vê um hall arrumado já imagina como será a decoração, o estilo da casa?, diz o designer e sócio do estúdio Nada Se Leva, André Bastos, que criou um belo cartão de visitas no apartamento onde mora, no Jardim Paulista. ?Como o saguão de entrada do prédio e o elevador são cobertos por jacarandá, tive a ideia de fazer o hall revestido assim também, como se fosse uma caixa de madeira?, explica. A surpresa dessa ?caixa? é a cadeira de Aurélio Flores, valorizada por micropontos de luz que Bastos usou para lavar a parede diante do elevador. ?O hall virou uma redoma para a peça de design, que eu adoro e combinou bem com o espaço.? A iluminação, aliás, está no topo da lista de cuidados na hora de planejar um hall. Isso porque, segundo Bastos, nas áreas comuns geralmente usa-se luz fria, o que pode entrar em contraste com o projeto luminotécnico do apartamento. ?A preocupação com a iluminação deve seguir por todo o caminho do projeto, da entrada até a saída do apartamento e o hall tem papel importante nesse caso.? Funcional. Quem disse que a área entre a porta de entrada e o elevador não pode ter uma função? A pedido da moradora de um apartamento em Perdizes, o escritório FGMF criou uma pequena bancada de limestone para ela apoiar a bolsa enquanto procura as chaves ? quem não vive esse drama? Enquanto isso, as paredes laterais revestidas de madeira tratam de decorar o lugar com a medida certa. ?Por ser um espaço pequeno, o ideal é ter poucos elementos, a parede sozinha já é interessante?, explica o arquiteto Rodrigo Marcondes Ferraz. Driblar esse espaço tão limitado requer alguns truques, como o uso de espelhos, que, neste caso, serve tanto para ampliar quanto para entreter quem espera o elevador. ?Você sempre quer ver como está chegando e como está saindo?, comenta Ricardo Caminada, que neste apartamento no Brooklin fez um painel com espelhos de largura e inclinações diferentes. Ali, porém, o destaque fica por conta da integração do hall com o interior do apartamento de fato, graças às portas de correr. ?Como era muito pequeno (3 m²) em relação ao tamanho do apartamento (230 m²), o hall ficaria apertado em dias de festa. Como o casal tinha medo de deixá-lo totalmente aberto para a sala, fizemos essas portas retráteis?, explica o decorador. Se o problema for a altura do pé-direito, Cristina Barbara e Marcelo Rosset dão as dicas. No projeto na zona Sul de São Paulo, a designer seguiu a linguagem da decoração do imóvel, revestindo de madeira as paredes, e colocou espelho no teto. ?Com esse recurso, criamos uma sensação de amplitude de uns 30 cm.? Rosset estendeu o recurso luminotécnico que usou no restante do apartamento no Pacaembu. Como usar luz embutida significaria rebaixar o gesso, diminuindo o pé-direito de 2,20 m, a opção foi distribuir arandelas de LED, ligadas por um sensor de presença, na parede. ?Criar um detalhe de luz num hall é interessante, já que é um espaço escuro, sem iluminação natural.? Autorização. Em todos esses projetos, não houve problemas durante a reforma, já que tais halls não são compartilhados com outros apartamentos. No entanto, o Sindicato da Habitação (Secovi) recomenda, mesmo nesses casos, ter aprovação unânime dos condôminos do prédio, para evitar multa e até mesmo a obrigação de desfazer o que foi feito. ?Muita gente pensa que área comum é só fachada, mas o hall é uma fachada interna, ele delimita o apartamento do mundo que circula por ali?, explica o vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP, Hubert Gebara. Quando há mais de um apartamento por andar, o primeiro passo é falar com os vizinhos antes de levar o assunto para assembleia. Gebara acredita que mostrar um rascunho com uma descrição do projeto ajuda na hora de convencer os outros moradores. O arquiteto Rodrigo Ferraz, da FGMF, aconselha projetos mais neutros para atender aos gostos diferentes dos vizinhos. ?Ou, então, você pode se propor a pagar tudo, porque, assim, muitas vezes as pessoas aceitam independentemente do que vai ser?, simplifica.    

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