O dia foi tenso. Por isso mesmo que eu não consegui escrever no horário prometido (peço desculpas). Deu tudo certo, mas o medo de algo sair do controle é grande. Pode parecer simples colocar um cão dentro de uma bolsa de transportes e viajar num avião. Mas não é tão fácil quanto parece.
Como deixar o pequeno tranquilo na caixa/bolsa de transporte
O bom de organizar a viagem é ter tempo para fazer todos os treinos necessários para minimizar o estresse do animal. No caso do Stitch, eu comecei 20 dias antes da viagem a acostuma-lo com a caixinha.
Primeiro coloquei a caixa rígida no cômodo que ele costuma ficar (meu quarto). Depois de quatro dias convivendo com aquele novo objeto, mas sem interagir ainda, coloquei a caminha dele dentro da caixa. Ele já foi cheirar e até ameaçou entrar.
No segundo dia com a caminha dentro da caixa, passei a servir todas as refeições dentro da caixa. Como o Stitch é morto de fome e ama a alimentação natural, não foi preciso muito esforço. Nesse momento, aproveitei para acostumá-lo com a alimentação natural enlatada, que trouxe para viagem.
Como em um passe de mágico, após três dias nesse ritual, ao ver o pote de comida, o Stitch já entrava na caixa e ficava esperando pela refeição. Um dia, eu acordei, procurei o Stitch na minha cama, na cama dele, no chão e não o encontrei. Quando vi, ele estava dormindo dentro da caixinha.
Uma tática muito importante: sempre que o Stitch esteve dentro da caixinha, eu nunca tentei tirá-lo, mesmo quando eu chamei e ele não veio. A caixa deve ser um refúgio para ele, um local que ele se sinta seguro.
Poucos dias antes da viagem, troquei a caixa rígida pela bolsa de transportes com o tamanho máximo permitido pela TAM. Como ela é menor que a caixa que ele foi treinado, foi feito novamente o treinamento, com os mesmos passos, mas em menor tempo.
Resumindo, o Stitch dormiu tranquilo, a viagem toda, dentro da bolsa. Perguntaram se eu tinha sedado o orelhudo, de tão calmo que ele ficou.
Calmantes e sedativos
Não é aconselhável dar sedativo ao animal que irá viajar, pois quando ele acorda, pode ficar ainda mais assustado e estressado. Inclusive, algumas companhias aéreas não transportam animais sedados.
O recomendável é dar um remédio que deixe o animal mais tranquilo, mais calmo. Quem deve receitar essa medicação é o médico veterinário. A dica é testar o remédio prescrito antes de viajar, um dia que você for ficar em casa com ele. Assim, você pode observar quais as reações do pequeno.
Para o Stitch, a veterinária receitou homeopatia. Comecei a dar dois dias antes da viagem, para que ele ficasse mais tranquilo. Funcionou! Nem na maior turbulência ele reclamou. Dormiu igual um anjinho.
Escolha da companhia aérea
Nas viagens do Brasil para os Estados Unidos, a única companhia aérea que aceita cães dentro da cabine, é a TAM. Não são todas as raças que são permitidas e você deve cumprir algumas exigências.
1) O animal deve pesar 7 kilos junto com a caixa ou bolsa de transporte.
2) O animal deve ficar o tempo todo dentro da caixa/bolsa.
3) O tamanho máximo da caixa rígida é 36 cm de comprimento, 33 cm de largura e 19 cm de altura. Já a bolsa de transporte pode ter 36 cm de comprimento, 33 cm de largura e 23 cm de altura.
4) Para os EUA há uma taxa de embarque de U$200,00 por trecho.
5) Só pode viajar um animal por passageiro e dois animais por voo. Por isso é sugerido avisar a companhia, sobre o animal, o quanto antes.
Xixi, coco, água e comida
Uma grande preocupação é como o animal irá se aliviar durante o voo. Sugiro dar bastante comida para ele no dia que antecede à viagem. Quatro horas antes do voo, dar a última refeição, leva-lo para fazer coco e só voltar a dar comida quando chegar ao destino. Isso evita que ele faça o número dois durante o voo. Pro Stitch não morrer de fome, dei uns pedaços de petisco.
O xixi é mais complicado. Não gosto de suspender a água. Como o ar do avião é muito seco, ajuda a desidratar o animal rapidamente. O que faço é colocar um daqueles tapetes higiênicos no chão da caixa/bolsa e esperar que ele se alivie ali mesmo. Mas antes de embarcar e assim que desembarca, eu levo para fora do aeroporto para fazer xixi. Água a vontade.
Pressurização
Esse era o meu maior medo! Como o Stitch já é velhinho, fiquei com medo dele passar mal com a pressurização. Ainda mais em momentos de turbulência, achei que ele fosse ter dor de ouvido. Mas como ele dormiu, não sentiu nada. Quando eu percebi que ele estava roçando a cabeça no tapetinho, dei um pouco de petisco para que ele abrisse e fechasse a boca. Assim, diminui um possível incômodo.
Para cães que tem dentes, você pode deixar um ossinho ou brinquedo duro para ele roer. Além de se distrair, evita dor de ouvido e diminui aquela sensação ruim da pressurização.
Chegada ao destino
Ao chegar ao hotel, em Miami, ofereci comida para o Stitch. Por incrível que pareça, ele não quis muita comida. Acho que foi muita emoção para um dia só e ele ficou enjoado. Por isso, aumentei a oferta de água e não forcei a comer.
Nessa quinta-feira será nosso primeiro dia de passeio. Agora que você já sabe como foram os preparativos, vamos à diversão!
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