Um dos assuntos mais comentados nas rodas de conversa é a crise econômica brasileira. Alguns dizem que é boato. Muitos já perderam seus empregos. Enquanto lojas fecham e montadoras dão férias coletivas, o mercado pet prospera.
Cães e gatos são os bebês da nova geração. Muitos casais optaram por não ter um filho humano, mas gastam o que podem e o que não podem para agradar o bebê peludo. Por conta disso, o mercado pet terá crescimento no faturamento em 2015. Claro que esse aumento está abaixo do esperado.
Previsões da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) indicam que, em 2015, o setor atingirá R$ 17,9 bilhões em faturamento. Um aumento de 7,4% sobre 2014. Todavia, em relação a 2013, o crescimento foi de 10%, com faturamento de R$ 16,7 bilhões.
Hoje, no mundo há 1,56 bilhão de animais de estimação. O Brasil permanece o 4º maior. Em primeiro, está a China, com 289 milhões, e depois vêm Estados Unidos com 226 milhões e Reino Unido, com 146 milhões. No entanto, somos o segundo em população de cães e gatos, atrás dos Estados Unidos.
Mesmo com este contingente, o Brasil, que era o segundo maior mercado pet, caiu uma posição no ranking mundial. Agora está atrás dos Estados Unidos (41,8%) e do Reino Unido (6,5%), com 6,3% do mercado mundial. A previsão é que os Estados Unidos tenham 41,7% do faturamento, o Reino Unido 6,4% e o Brasil, apenas 5,4%. A queda é devida à alta do dólar sobre o real.
Em 2015, as exportações devem atingir quase 4,1% sobre 2014. Porém, umas das maiores dificuldades ainda é a carga tributária. A cada R$ 1 pago pelo brasileiro em produtos pet, R$ 0,50 são impostos.
Esse cenário foi observado entre os dias 27 e 29 de outubro, em uma das principais feiras do setor, a Pet South América. Foram diversos expositores, de diferentes nacionalidades.
A melhor forma de conter a crise, ainda é o aperfeiçoamento do profissional. Para isso, a feira contou com congresso, arena do conhecimento e diversas atividades para valorização do médico veterinário. "Uma área que tem dado muito retorno financeiro é a de groomers [tosadores]. Por isso, a feira deste ano teve enfoque maior em aulas e atualização desse tipo de profissional" explica Ligia Amorim, diretora geral da Pet South América.
A empresa Pet Society, do ramo de embelezamento, acredita que mesmo durante a crise, o proprietário não deixa de cuidar do seu bichinho. "Conseguimos observar a crise, mas o mercado pet ainda pouco sentiu. Independentemente da crise, cães e gatos se tornaram membros da família. O proprietário pode deixar de jantar fora, mas não deixa de levar ao veterinário e comprar a ração" comenta Fernando Martini, gerente geral de negócios.
Mas não são todos que estão sorrindo: "Percebemos uma dificuldade nos pet shops. Antes o banho era semanal. Agora o proprietário começou a dar banho em casa e só leva para o profissional a cada 15 ou 30 dias" reforça Martini.
Antônio Carlos Côrtes trabalha no ramo de importação há 20 anos. Em 2013 fundou a Majpet e começou a investir nos pets. "Observamos uma carência de bons produtos e novidades para pets, que já são consolidadas no exterior. É um dos mercados que mais cresce no Brasil. Isso devido à tendência de aumentar o número de cães e gatos e pelo prazer de ter um bichinho em casa" afirma. Apesar da alta do dólar, a empresa mantém preços competitivos e a esperança de que tudo melhorará.
O que mantém a perspectiva dos empresários é a chance de melhora do poder aquisitivo do brasileiro e o aumento do número de pets. "Já estamos fazendo planos para 2020. É um mercado que vai continuar crescendo apesar da crise, como mostram as pesquisas do IBGE" informa Fernando Martini.
Ao conversar com donos de pet shops, pude observar que alguns clientes estão diminuindo a frequência. Porém, novos clientes chegam. Investir em um diferencial é uma das melhores armas para manter o crescimento e atrair novos clientes.
Momento de crise: use a criatividade
Com a crise, muitos pet shops lançam promoções de serviços e produtos. Ficar atento, ajuda na economia. Converse sobre a possibilidade de pacotes de banho. Pesquise preço de ração e sempre peça um desconto.
Fazer comida, dar banho em casa e inventar novos brinquedos são opções que devem ser acompanhadas pelo médico veterinário.
Na próxima sexta-feira, dia 06/11, teremos a agenda animal. Até lá!