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Transtornos mentais e suas diferenças entre homens e mulheres

Opinião|Alertas que podem salvar a vida do seu filho

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Atualização:

Casos como os do copiloto Andreas Lubitz, da Germainwings, que parece deliberadamente ter derrubado o avião matando 150 pessoas a bordo nos chocam e de alguma forma ilustram os riscos graves de suicídio, principalmente em pessoas que se tratam de depressão e usam álcool e drogas.

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Há muitos mitos e inverdades a respeito do assunto. Muitos preferem o silêncio e a negação. Raramente, os sinais são detectados por amigos, pais e familiares e na população adolescente todos parecem minimizar os riscos ao extremo. A psiquiatria infelizmente ainda é envolta por preconceitos que só dificultam a prevenção de tal epidemia do suicídio.

A taxa de suicídio entre jovens aumentou muito na última década. Segundo o Mapa da Violência de 2014, houve incremento de 40% de suicídio nos adolescentes entre 10-14 anos e de 33% nos adolescentes entre 15-19 anos no Brasil - isso é alarmante e deve ser enfrentado por todos nós.

Vocês como pais nunca ignorem alguns alertas:

1) Mudanças de comportamento em adolescentes que de repente perdem o interesse ou prazer em hobbies ou atividades esportivas, deixando de lado os autocuidados, o grupo de amigos e abandonando os estudos;

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2) Quando há várias tentativas prévias de suicídio não minimizem os riscos. A cada suicídio consumado há um histórico de 10 a 20 tentativas prévias;

3) Depressão, uso de álcool e drogas são os principais fatores de risco. Depressão associada a drogas pode responder por mais de 50% dos casos de suicídio em adolescentes. Muitos pais podem achar que o fato do adolescente estar mais isolado, irritado e se trancar no quarto seja um fato normal da adolescência e isso posteriormente pode gerar enorme culpa.

4) Desconfie se o seu filho que estava muito deprimido do nada melhora rapidamente. Pode ser que ele queira ganhar sua confiança a fim de ficar isolado e tentar o suicídio;

5) Uma pessoa deprimida pode ficar extremamente isolada e voltada para ela mesma e até chegar a ignorar o universo ou pessoas ao redor.

E o que os pais podem fazer?

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 Aproximarem-se do filho, não deixá-lo isolado e acima de tudo estabelecer um diálogo constante que o deixe à vontade para expor os sentimentos.

Fundamental levá-lo rapidamente a um psicólogo ou psiquiatra para que condutas que possam tratar eficazmente a depressão sejam efetuadas. Do ponto de vista prático, tirar do alcance dos adolescentes instrumentos que possam funcionar como armas, além de remédios ou substâncias tóxicas que podem ser utilizados em um momentos de desespero, desesperança e impulsividade. Nunca os pais devem menosprezar ou ironizar os relatos ou tentativas de suicídio dos seus filhos insinuando que eles fizeram aquilo para "aparecer" ou teatralizar.

 

Opinião por Dr. Joel Rennó

Professor Colaborador da FMUSP. Diretor do Programa Saúde Mental da Mulher do IPq-HCFMUSP. Coordenador da Comissão de Saúde Mental da Mulher da ABP. Instagram @profdrjoelrennojr

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