Quem é que nunca viu ou ouviu a história de uma criança que ao ganhar um brinquedo, acaba se divertindo horas a fio com a caixa e o barulho dos papéis amassados e deixa para lá o presente? Que coloca a panela na cabeça e faz dela um chapéu de comandante ou pirata? A menina que navega com com seus pezinhos minúsculos dentro dos sapatos altos da tia e com as roupas das meninas mais velhas da família veste-se de princesa, cigana, heroína? E o garoto que faz do cabo de vassoura um cavalo? Nesse 28 de Maio, Dia Mundial do Brincar, gosto de pensar que na infância o mundo é para brincar, bem como os parques, as ruas e todos espaços públicos devem ser espaços de convivência e brincadeiras. Para um adulto, assistir uma criança brincar é desconstruir o senso utilitário imposto pela modernidades da vida nas grandes cidades. No mundo de uma criança que brinca, desenvolve-se a autonomia para viver. Tudoé disponível à observação, tato, olfato, percepção e somente para esse fim. Nada que leve a um objetivo pragmático. Nesse dia, é importante destacar o trabalho dos cuidadores de crianças que propiciam a brincadeira e as atividades culturais, atividades que prestam apoio ao desenvolvimento cognitivo. Fecho com esse pensamento de Walter Benjamin.
"Hoje talvez se possa esperar uma superação efetiva daquele equívoco básico que acreditava ser a brincadeira da criança determinada pelo conteúdo imaginário do brinquedo, quando, na verdade, dá-se o contrário. A Criança quer puxar alguma coisa e torna-se cavalo, quer brincar com areia e torna-se padeiro, quer esconder-se e torna- se bandido ou guarda. Conhecemos muito bem alguns instrumentos de brincar arcaicos, que desprezam toda máscara imaginária (possivelmente vinculados na época a rituais): bola, arco, roda de penas, pipas - autênticos brinquedos, tantos mais autênticos se parecem quanto menos se parecem ao adulto (WALTER BENJAMIN)
