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Cortes finos no tecido online

Eletrodomésticos "espertos": precisamos de Rosie?

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Por Sergio Kulpas
Atualização:

Desde os anos 1990, a indústria eletroeletrônica vem acalentando a ideia de produzir aparelhos domésticos equipados com sensores capazes de identificar nossa presença, prever nossas necessidades e até mesmo conversar com a gente. Geladeiras, fogões, máquinas de lavar e outros eletrodomésticos, todos conversando alegremente conosco, com agradáveis vozes sintéticas. Conosco e com o resto do mundo via internet.

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Podemos pensar em algo como a "síndrome de Rosie" - "Rosie", no caso, é a empregada-robô do desenho "Os Jetsons", dos distantes anos 60. Criada para facilitar nossa vida, Rosie não se voltaria contra nós como os robôs malignos da ficção-científica, mas nos sufocaria com amor (sintético) e vigilância permanentes.

Imaginem uma casa onde todos os eletrodomésticos são "espertos". A geladeira, a lava-louça e o forno de micro-ondas conhecem nossa vida íntima. Sabem o que comemos, quando comemos, quanta louça e roupa usamos e sujamos. A criadagem eletrônica conversa entre si, as máquinas fofocam na área de serviço. E o mexerico digital se espalha além do lar: a máquina de lavar sabe que você anda misturando roupas brancas com as coloridas e pode contar para o fabricante do sabão em pó.

Como viveremos na casa do futuro, onde máquinas inteligentes se dediquem a "ajudar" as pessoas, registrando seu histórico de ações e antecipando as intenções humanas a partir disso? Adivinhar os desejos humanos não é coisa para robôs - é difícil demais até para outros humanos.

Mas é com otimismo que podemos ver o avanço das tecnologias que facilitam a vida. Mesmo sem falar, os eletrodomésticos já estão cheios de sensores sofisticados, que pesam, medem, contam. São mordomos eficientes e discretos, e poupam o esforço físico dos humanos.

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O problema não é a tecnologia. É uma equação complexa entre aparelhos extremamente úteis e a tentação de acordos milionários entre marcas - e nesse caso o eletrodoméstico "esperto" seria também um agente de marketing (e representante de vendas) morando na nossa casa, criando mensagens publicitárias personalizadas, baseadas no nosso cotidiano doméstico. O que possivelmente ocorrerá, queiramos ou não.

É bom lembrar que já vivemos no futuro, e que a Agência Espacial Europeia conseguiu pousar uma sonda do tamanho de uma máquina de lavar roupas em um cometa a 500 milhões de quilômetros da Terra...

Feliz 2015 a todos!

Separei alguns tópicos sobre o assunto "eletrodomésticos falantes" no meu Twitter. Vejam em https://twitter.com/SergioKulpas.

(Ilustração: Andrea Kulpas)

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