Assinei um contrato novo há poucos dias, como roteirista-chefe do novo programa do Fábio Porchat na Record. A vida que eu levava mudou radicalmente. Há alguns anos eu trabalhava em esquema home office. Saía para fazer palestras, eventos, reuniões ou para viajar a trabalho, como nas três temporadas do Tudo pela Audiência, ou gravando o Porta Afora, ambos no Rio de Janeiro, ambos para o Porchat.
Eu era dona da minha agenda e tinha tempo para correr e fazer musculação.
Não tenho mais. Para comportar os treinos de corrida tenho que acordar antes das 6 da manhã. Depois que volto, tenho que tomar banho, me arrumar, caminhar uns 2km para pegar o metrô e ir pra produtora. Há anos não tenho mais carro.
Acostumei a almoçar em casa. Comer fora é caro e dá trabalho. Voltei a levar marmita como fiz a vida toda no trabalho. Até aqui, nenhuma queixa, a não ser uma: a mochila.
Como tudo é novo, ainda não tenho minha estação de trabalho e, por isso, todos os dias levo meu notebook. E a fonte pesada. E os dois celulares. E os carregadores. E a marmita. E a garrafa dágua. E os cadernos, a necessaire completa, o casaco, o guarda-chuva, a câmera e...a mochila fica IMENSA e MUITO pesada.
Considero esse percurso carregando toda essa carga como parte da minha musculação, incluindo todas as escadas que subi nas estações. Se não estiver chovendo, apenas frio, acho legal. E tem mais, a mochila acabou virando uma espécie de 'armadura' de proteção nos vagões do metrô.
Ainda não me adaptei completamente a essa súbita mudança, mas já estou a mil no trabalho, cercada de pessoas competentes e amorosas. Estou muito entusiasmada e feliz. Foi isso que pensei esta noite, quando o vento gelado cortava a pele nas calçadas vazias de São Paulo. Sou parte da cidade, piso seu chão, gero trabalho, convivo com seus cidadãos. É para as pessoas que fazemos, enfim, televisão.