Minha timeline é quase um eco em uníssono do áudio do programa, o que há de mais genial em matéria de humor crítico no momento. Genial, aliás, precisa de um upgrade, ficou banal como adjetivo diante de tanta grandeza criativa do Adnet, Melhem e todos os que trabalham nesse projeto.
Com pautas corajosas e recorrentes, como o direito a um estado laico, a violência policial e todos os clichês midiáticos, o programa também traz uma dose necessária de remédios ácidos contra epidemias de momento, como a intolerância.
Hoje, no último episódio, vimos Carlos Alberto de Nóbrega, supostamente o maior concorrente da Rede Globo sentado no banco da praça. Um tapa na cara da sociedade belicosa. E, ao mesmo tempo que era homenagem e lição, o quadro tornou visível a risível diferença entre as linhas de humor da Praça é Nossa e do Tá No Ar.
Mas os dois quadros mais pungentes foram, pra mim, a reforma que Luciano Huck fez na casa do ativista revoltado e a final do mistério 'o que tem na caixa'. Este último quadro é metáfora dolorida da TV e talvez, da vida nacional.
Somos todos produtores de conteúdo, gerando memes, virais, podcastas, vlogs, blogs, timelines, posts, textões, comentários, de todos os tipos, em todolugar, envolvendo a tudo e a todos. Ao contrário de Glória Pires, temos opinião sobre tudo. Reeditamos e remixamos tudo o que vemos, lemos, ouvimos para fazer graça e ganhar pontos no mundo social. O importante é bombar. Mas, no final, qual o grande conteúdo que queremos passar?
Não sei. Mas, muitas vezes, sinto que tudo o que queremos é apenas ter a sensação de pertencer, de estarmos fazendo a história, de movimentarmos as linhas temporais, para espantar o pior monstro que nos habita, o mesmo conteúdo da caixa, o monstro do nosso grande vazio.
Ta no ar sai do ar cumprindo seu papel de nos deixar perplexos e, sem ar.
Agora, com licença, tenho que tentar parar de gargalhar ao lembrar de Silvio Santos cantando TRA, a metralhadora que no momento, me mata de tanto rir.