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Especializado em generalidades

Se você já se perguntou "Mas por que essa pessoa faz TODO esse sucesso na Internet? Não entendo!", esse texto é pra você

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Por Redação
Atualização:

-"O que é que ela tem de especial pra ter toooooodos esses seguidores?"

-"Eu não entendo como esse menino tosco tem milhões de views!"

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-"Mas, gente, ela não tem conteúdo! Ela só fala da vida dela! Por que as pessoas quem ver a salada que ela come?"

Então, as pessoas querem.

Querem ver a salada, o sapato, o pijama, a maquiagem, o cachorro, tudo o que ela faz, diz, onde vai ou apenas a cara dela em zoom. Já o  menino tosco é tosco pra uma parcela de pessoas, mas para uma multidão ele é divertido e interessante, o suficiente para que elas assinem seu canal e voltem lá sempre. E aquela garota que talvez você ache totalmente sem conteúdo pode fazer sucesso exatamente porque conteúdo é um conceito diferente pra você, pra mim, para os fãs da celebridade. Ou até porque tem uma legião de admiradores de recipientes, que preferem mesmo a vasilha ao conteúdo. Vai saber.

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Tem outras duas boas possibilidades que explicam o sucesso que julgamos 'incompreensível' de influenciadores da Internet: o mundo mudou e o conceito de sucesso também. Não sei as respostas, mas passo bom tempo da minha vida usando minha cabeça pra compreender esses processos. Pesquiso sempre que posso  e acompanho de longe e, eventualmente, de perto alguns desses fenômenos das principais redes sociais, que são: Facebook, YouTube, Twitter, Instagram e Snapchat. Porque, né, ninguém é famoso no Telegram.

O mundo sempre foi e sempre será do jeito que é, a cada era, a cada década, a cada instante.O que acontecia antes da Internet é que nosso alcance para conviver com pessoas e ter informações sobre 'o mundo' era muito limitado. O quantidade de pessoas que meu bisavô conheceu em seus cem anos de vida deve equivaler ao número de amigos que um garoto de 10 anos tem em seu Facebook hoje e, certamente muito menor que o número de pessoas que viram um vídeo que viralizou. O número de imagens total que minha bisavó viu na vida deve corresponder aos frames que  uma garotinha de oito em algumas horas.

O mundo não apenas mudou, mas mudou muito mais depressa nas últimas duas décadas. E essas mudanças científicas, tecnológicas, mudaram a sociedade de consumo como um todo de forma dramática. Sim, ainda tem muita gente vivendo na miséria neste planeta, em outro século, em condições desumanas, mas são poucos os pontos do planeta que não estão no Google Maps. Em termos de tecnologia, ta tudo dominado.

Mais do que tudo, o mudança mais profunda, que nunca aconteceu antes na história do mundo é que agora vivemos em rede. E, em rede, podemos nos encontrar, compartilhar e montar grupos de interesses comuns. É em torno desses interesses, que podem ir da coleção de colherinhas até o culto ao nada, que se formam esses sucessos. Pessoas viram celebridades porque representam grupos imensos. Porque aglutinam massas em torno de sua personalidade. Porque despertam sonhos, porque materializam possibilidades, porque trilham caminhos desejados, porque têm carisma. Carisma é a explicação genérica tipo 'virose'. Quando ninguém sabe a doença é 'virose', quando ninguém justifica o sucesso é 'carisma'.

Junto com essa adoração que faz adolescentes chorarem (o que não é tão difícil pra adolescentes com hormônios desestabilizados, lembra?) vem outra dimensão, a do tempo: tudo passa rápido também. O meme de antes de ontem é extremamente antigo. O viral do ano passado, já é folclore. E o sucesso de cinco anos atrás é...é... ah, a gente nem lembra mais. Assim, quando você descobrir que tem uma pessoa 'bombando' no Snap, no Insta, no YouTube e de quem você NUNCA OUVIU FALAR, não se espante. A rede é muito grande, tem muitas dimensões, mais ou menos como um doce de mil folhas. Quem vive numa camada nem imagina que tem creme ou baunilha ou açúcar em outra. Não faz sentido julgar ninguém.

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Eu sei que é difícil, porque eu sinto o mesmo. Vejo uma pessoa por quem todos se rasgam, que é muito famosa em algum meio e não compartilho o sentimento de idolatria. Mas não é nem pra entender, é só pra aceitar. De preferência sem sofrer. Vamos todos aproveitar essa maravilha de momento em que temos tanta tecnologia pra trazer tanta informação, diversão, conhecimento, contato, compartilhamento. Vamos nos divertir sem competir, na medida do possível. E quando a inveja vier, que seja pra nos estimular a buscar os nossos objetivos em vez de menosprezar as conquistas dos outros. Nunca vou ter um milhão de likes nessa imagem, mas postei a foto porque estava feliz em encontrar esse lindo jantar servido no voo que foi para a Suiça buscar a Chama Olímpica. Naquele momento, pra mim, o nome do sucesso era apenas Sopa de Aspargos.

Beijo, Rosana Hermann

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