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Crônicas do cotidiano

Banheiro masculino

Onde homens costumam ser capazes de fazer duas coisas ao mesmo tempo

Por Ricardo Chapola
Atualização:
 Foto: Estadão

Ilustração: Felipe Blanco

 

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Um cidadão entra louco de vontade de mijar no banheiro da firma. Sem nenhuma cerimônia, escolhe o mictório do meio, deixando dois vagos em cada um de seus lados. Outro cidadão chega logo atrás, também muito apertado, já desabotoando as calças. Decide pelo urinol vizinho ao do primeiro rapaz. Ambos terminam suas necessidades sorrindo - não se sabe se de alívio, ou se pela piada que um contou ao outro durante a mijadinha. Sacudiram, guardaram, foram embora, talvez para conversarem de novo só em outra eventual trombada no banheiro.

 

Mulheres: vocês não são as únicas que conseguem fazer duas coisas ao mesmo tempo. Homens também são. Não todos, alguns. E não são quaisquer duas atividades simultâneas. São só essas: mijar e falar. Aos capazes: parabéns! Ao resto: continuem só acertando a mira que está ótimo.

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_________________________________   Os mictórios, um ao lado do outro, ajudam bastante a disseminar a falsa ideia de que o banheiro masculino é uma nova área de convivência. Deve ter gente que acredite piamente que a proximidade entre as louças seja um convite à interação social. Há conversas que chegam a durar até mais do que o próprio xixi. O papo flui, a bexiga esvazia, os passarinhos ficam soltos atrás das muretinhas de mármore preto. Dizem até que elas foram projetadas na altura certa justamente para que as pessoas tenham onde se debruçar na hora da conversa. Nenhum arquiteto desmentiu até o momento.   Os mais reservados preferem os mictórios das pontas. A escolha é estratégica e reduz pela metade as possibilidades de um mijador falante como vizinho. Alguns pintos simplesmente se inibem na presença de papagaios por perto. Não é à toa que, volta e meia, alguns caras optam pelas cabines, mesmo em casos de número 1. Para eles, a arquitetura dos banheiros públicos masculinos poderia ser menos invasiva. Ou, no mínimo, transmitir um recado: "silêncio".   Os usuários de urinóis periféricos costumam se relacionar em cafés, fumódromos, lanchonetes, lounges, botecos, estádios de futebol, ou baladas. Em banheiro, só se for via Facebook, ou Whatsapp. Nesses casos, eles optarão inevitavelmente pela cabine. Entendam como quiser. ________________________________
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