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Crônicas do cotidiano

Xixi fora

Um mal universal

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Por Ricardo Chapola
Atualização:
 Foto: Estadão

Ilustração: Felipe Blanco

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Todo dia, ao fazer xixi, pelo menos uma gota serelepe ricocheteia a louça e vai parar nas bordas limpas da privada. Acontece quase sempre, geralmente quanto maior forem nossos caprichos. Não é má-fé, embora pareça pelo número de vezes em que isso se repete. Costuma ser barbeiragem, ou mesmo um problema de ângulo.

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O pau que nasce torto, morre torto. O ditado fala de coisas que não mudam. Em São Paulo, é o governador. Na TV, o programa do Faustão. E no homem, o pau inclinado aos desvios de conduta. O provérbio ficou mais preciso depois: pau que nasce torto, mija fora da bacia. Quem disse isso foi o Mamonas Assassinas, num lampejo visionário ocorrido, pelo visto, durante a ausência de um trono de porcelana.

Vi nessa semana um vídeo na internet ensinando macetes de como fazer xixi sem gerar crises diplomáticas em casa. O segredo seria mirar nas paredes do vaso, não na aguinha. Me pareceu arriscado e bem menos divertido. O legal era justamente mirar na pequena poça até cobri-la totalmente de espuma. Sempre achei que servia como uma espécie de colchão para o xixi, onde ele batia e era amortecido confortavelmente pelas pontes de hidrogênio. Não funcionava assim.

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"Então é só fazer xixi com menos força". Não adianta reduzir a pressão do jato. Mesmo tentando simular um conta gotas, alguns pingos vão continuar saltando as muralhas de louça, resvalando nas beiradas. Algumas param por lá. Outras chegam ao chão.

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É quase impossível acabar com um instinto. Quando nos colocamos de pé para um xixi, somos levados pelo impulso de nossas raízes. Historiadores desconfiam que famosas pinturas rupestres foram desenhadas primeiro no chão, com xixi, e só depois passadas a limpo, a carvão. Isso explicaria esse costume de ficar mudando a direção do jato, como se estivéssemos desenhando, ou escrevendo nosso nome num muro. "Ricardo", assino, sempre pontuando o final da obra-prima com uma única gota a cair na cueca, ou na borda da privada.

A descoberta desses vestígios desemboca sempre na mesma pergunta: por que, cazzo, então não fazer xixi sentado? Experimente. Dá trabalho, mas vale a pena: à noite, rola até um cochilinho. As mulheres agradecem, embora estejam abandonando o barco. Me contaram recentemente que elas hoje estão fazendo de pé. Aproveitem e mirem na aguinha. A categoria agradece. Obrigado, de nada.

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