Em meados dos anos 1990, conheci um jovem ilustrador chamado Pinto. Fizemos muitas piadas bobas com seu nome. O querido e inesquecível Dudu sempre dizia: "O Pinto trabalha duro!". Hoje, ao olharmos para trás (ôps!), concordamos: ele trabalhou duro, mesmo! Mora na Espanha e tem uma obra maravilhosa. Antes de partir para a Europa, trocou algumas figurinhas com dois talentosos desenhistas que estavam começando na redação do Estadão: o Baptistão e o Carlinhos. Ambos criaram estilo próprio e construíram vitoriosa e premiada carreira no Brasil. Ilustram para jornais, revistas, livros. Estampam camisetas, canecas, adesivos. Pintam murais em casas, centros culturais e salões de empresas. E já expuseram no Sarau da Maria (obrigado, meninos!). Finalmente, los otros 3 amigos se reencontraram. Aqui estão três grandes figuras do jornalismo e da arte nacionais. Três meninos do Brasil, três corações democratas: Marcelo Pinto, Eduardo Baptistão e Carlinhos Müller. A duras penas, escolhi 10 obras-primas de cada um. Poderiam ser 50 ou 100... Apreciem:
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Nasceu em São Paulo, em 1966. Formou-se em Publicidade e Propaganda pela Cásper Líbero, em 1988. Atua como ilustrador desde 1985, quando publicou seu primeiro trabalho na Folha. Trabalhou para JT, Você S/A, Imprensa, Vogue, Vip, Quem, Sexy, Playboy, Placar, entre outras publicações. Ilustra para o Estadão desde 1991 e colabora com as revistas Carta Capital e Veja. Venceu por cinco vezes o Troféu HQMix e conquistou outros importantes prêmios no Brasil (Salão Internacional de Humor de Piracicaba e Salão Carioca de Humor) e no exterior (World Press Cartoon, de Portugal, e Tehran International Cartoon Biennial, do Irã). Tem três livros autorais de caricaturas publicados: A Book of Portraits - Selected Works of Eduardo Baptistao (Hich, Irã, 2009), Sketchbook Experience (Reference Press,Portugal/Brasil, 2013) e The art of Baptistão - 30 years (Reference Press, Portugal/Brasil, 2015). Abaixo (e aqui) algumas de suas geniais caricaturas: Ronaldo, Vinicius de Moraes, Roberto Carlos, Ney Matogrosso, Drummond, Millôr, Pelé, Adoniran, Arnaldo Antunes e o ex-presidente uruguaio José Mujica.
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Nasceu em Pinhão/PR. Iniciou a carreira na Folha do Paraná, em Guarapuava e passou por diversos jornais do interior de SP. Na capital, atuou na Folha e no Estadão, além de colaborar também com o JT, a Agência Estado e o Portal Estadao.com. Em parceria com a Editora Belas Letras, ilustrou livros de Serginho Groisman, Tico Santa Cruz, Vitor e Léo e Eduardo Bueno (Peninha). Foi pioneiro no Brasil em ilustrações Pop Up (3D) para a coleção 'Os maiores Times do Brasil'. Ilustrou também livros de Rolando Boldrin e Ary Toledo. Ganhou diversos prêmios: Concurso de Charges - Folha de S. Paulo, Salão Internacional de Humor de Piracicaba, Sociedade Interamericana de Imprensa, II Salão de Humor do Chipre/Turquia, Salão de Humor da Univates/Lageado, Prêmio 12º Salon Taborda/Argentina e Comissão Europeia de Turismo/Istambul. Abaixo (e aqui) alguns de seus ótimos trabalhos: a sensacional sacada da camiseta Virgulennon (correu um boato, no fim dos anos 1960, de que os Beatles gravariam 'Asa Branca'), Bob Marley, Zé Ramalho, Rolling Stones (o Carlinhos toca sax na banda cover Inrollando Stones), Stevie Wonder, Woody Allen, Hermeto Pascoal, Jorge Luis Borges, Yo-Yo Ma e Nando Reis.
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Aos três grandes artistas, dedico este texto:
Não adianta. Nós não somos quem aparentamos. E eles sabem, têm a manha. Nossa beleza cosmética não os engana. Nossa feiura moral não lhes escapa. Eles captam nosso intuito de fuga. Flagram nossa charge. Nos tiram a maquiagem, nos traduzem nos trazem do fundo nos traem o oculto. Nosso dom de fingir e mentir não os ilude. Salve o Carlinhos, o Bap e o Marcelo Pinto. Seus traços distorcidos são nossos defeitos explícitos. Não há como esconder. Eles percebem nosso anseio observam nosso medo conhecem nosso lado im/puro/ ex/púreo. Nos enxergam mesmo no escuro. Artistas políticos anônimos: todos nós nus nulos. Não há rei não há lei nem segredo que fique impune. Eles são terríveis: devassam a alma a calma a sombra o sentido absurdo. Eles não têm piedade nem escrúpulo. São duros e implacáveis. Sem dizer nem escrever palavra, denunciam tudo. O ego enorme o discurso torpe o desejo corrupto. O poder sempre pronto a lhes comprar o pensamento. Mas a verdade artística não tem preço. E eles três têm consciência disso: o traço firme fraqueja se não houver compromisso. Nenhum gênio é feito só de talento. É preciso opinião, valores, princípios. Por isso cada vez mais os admiro: o Bap, o Carlinhos e o Marcelo Pinto.
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UM POETA,
UM POEMA
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Esta seção abre espaço aos muitos ótimos poetas que ouço por aí, pelos bares e saraus do movimento cultural. Ou os que conheço dos vários livros comprados, doados, roubados, recebidos, aparecidos (livro é um bicho vivo...). Aqui é jogo rápido, sem maiores comentários ou análises profundas, nem os elogios que cada um deles merece. Um poema (às vezes dois), uma pequena ficha do autor e alguns links para que você o conheça melhor. Hoje, Renata Braz, Lúcia Santos e Liria Porto. Curta esses e vá atrás de mais...
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RENATA BRAZ
Menarca
Rompeu com a infânciaCortou a cabeça das bonecasO único sangue que correu Foi aquele entre as suas pernas.
(sem título)
a maçã pútrida do cestoacostumou-se à sua condiçãoe até se sente contente
que culpa tem de ser tão convincente e ela sozinha apodrecer toda a gente?
(vizinhança fraca...)
Renata Braz é uma ótima poeta, estuda engenharia da computação e mora em Franca.Tem poemas em várias coletâneas. Publica regularmente em sua página no facebook e neste delicioso blog.
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LÚCIA SANTOS
Doméstica
Coleciono selos Cultivo pássaros em meu viveiro Mas os meus zelos Guardo-os todos Para um homem de estimação.
(sem título)
em tua mão destra meu violino só vira orquestra
Linguagem
De dia A lição das palavras Ocas De noite A lição das bocas Que só falam Línguas
Lúcia Santos é maranhense. Se define como uma 'escafandrista de um mar sem fundo guardando pérolas pro fim do mundo'. Além de participar de várias antologias, publicou Quase Azul Quanto Blue (1992), Batom Vermelho (1998) e Uma Gueixa pra Bashô (2006). Vários de seus poemas já viraram canções. Abaixo, uma parceria com o grande Zeca Baleiro.
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LIRIA PORTO
Viés
a vida balança nem cai nem haicai
a esperança? bonsai
à espera dos pirilampos
eu vejo um mar de janelas
e detrás de um tanto delas
olhos acesos
será que alguém me vê
ou se põe a imaginar
que aqui tem gente?
bastava um aceno
degelo
eu já era uma mocinha
fazia xixi na cama
o tal cheiro d'amoníaco
me matava de vergonha
mas fechar a torneirinha
na melhor hora do sonho
como?
(eu tinha vontade líquida
e alma muito tristonha)
Liria Porto é mineira de Araguari. Publicou borboleta desfolhada e de lua (2009) e garimpo e asa de passarinho (2014). Aqui, mais poemas dela.
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AGENDA
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A partir de hoje, passo a publicar a agenda dos saraus num post separado, todas as sextas-feiras. Abaixo, seguem algumas sugestões para essa quarta e quinta-feiras. Acompanhe também as muitas opções contidas na
Informe-se, atue e divirta-se!
29/6 - quarta-feira - 18h
... No dia de São Pedro uma grande roda de samba com os bambas do Rio de Janeiro. Nomes como Cristina Buarque, Zé Luiz do Império, Grupo Semente, Marcos Sacramento, Alfredo Del-Penho, Luiza Dionizio, Nina Wirtti, Moyseis Marques, Edu Krieger e o grupo Samba de Fato. No
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29/6 - quarta-feira - 19h ... 3ªEdição - Sarau na Padoka
... Mais um encontro de músicos, poetas, contistas, cronistas, atores e artistas em geral. Thatha Alves lança seu livro 'Reticências'. Música com Daniel Zé (v
oz e violão) e o cantor Gianette Soul mandando suas composições de soul, black e rap. Na praça Waldemar Bassi.
29/6 - quarta-feira - 19h
... Sarau na Galeria Aquecendo Vidas
... Sarau Solidário para ajudar os que sofrem com o frio intenso. Como sempre, microfone aberto. Leve sua arte e doe um agasalho para aquecer o próximo.Na
em Suzano.
30/6 - quinta-feira - 21h
... Show Ricardo Nash + convidados
... O
lança seu primeiro cd,
, com 13 músicas de sua autoria. As canções serão interpretadas pelo compositor (ao violão) e com
Marcelo Ullmann (guitarra), Leo Costa (saxofone, flauta transversal), Dicinho Areias (acordeon) e Fábio Olí (percussão). No Duesie, na Barra Funda.
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ATÉ SEXTA-FEIRA, PESSOAL,
COM A AGENDA PARA O FIM DE SEMANA.
E ALGO MAIS!
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