Marcas criam produtos de beleza pensados para a selfie

De olho na nova geração de consumidoras, empresas como Avon, CoverGirl e Smashbox desenvolvem maquiagens capazes de passar no teste das fotos tiradas com smartphones

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Por Courtney Rubin
Atualização:
"Temos um tipo de consumidora que tira muitas selfies e o mais importante para ela e para o seu grupo social é como ela sai na foto", diz Sarah Vickery, chefe da equipe de desenvolvimento da marca de cosméticosCoverGirl. Na foto, Kylie Jenner, um dos ícones da geração selfie Foto: Reprodução/ Instagram

Antes de colocar uma maquiagem no mercado, a marca de cosméticos americana CoverGirl verifica seu desempenho sob luzes diferentes - no sol brilhante ou sob a iluminação fluorescente do neon num escritório, por exemplo. Recentemente, a companhia acrescentou mais um teste para seus itens: o desafio do iPhone. "Temos um tipo de consumidora que tira muitas selfies e o mais importante para ela e para o seu grupo social é como ela sai na foto", diz Sarah Vickery, chefe da equipe de desenvolvimento da CoverGirl. Grande parte dos fabricantes de cosméticos já têm produtos pensados para fotografia convencional.

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Agora, porém, há o nicho do nicho e as empresas estão começando a aperfeiçoar suas fórmulas para enfrentar os desafios específicos da fotografia tirada com um celular - entre eles, o fato de um flash fazer com que a base pareça branca, ou que, nas selfies tiradas à luz do dia, as cores frias pareçam mais quentes. Mais quente talvez dê a impressão de uma foto de qualidade melhor, mas as nuances frias favorecem mais algumas epidermes (Dita Von Teese as usa) e pode dar aos dentes uma aparência mais branca. “Não acreditamos que se trate de uma onda passageira”, afirma Lisa Lamberty, vice-presidente de cosméticos em cores regionais e globais da Avon, que também começou a buscar os benefícios que pode oferecer à geração selfie.

A forma como a maquiagem aparece na mídia social pode afetar radicalmente suas vendas. Graças a uma postagem no Instagram de um batom líquido da marca Dose of Coloring, a cadeia de lojas de produtos de beleza Ricky’s, de Nova York, vendeu todo o lote do produto em poucos dias. Richard Parrott, presidente da rede, vasculha a rede social diariamente à procura de novas marcas para investir e divulgar. No mês passado, a Ricky’s abriu a unidade Hashtag (escreve-se apenas #), no Soho, que vende exclusivamente as descobertas feitas pela companhia no Instagram.

A baseOutlast Stay Luminous Foundation, da Covergirl. No site da marca, custa US$ 11,30 Foto: Divulgação

Em relação às fabricantes, as atenções se concentram na base, que pode provocar os maiores defeitos nos selfies. Em julho, a CoverGirl lançou a Outlast Stay Luminous Foundation, primeiro produto da marca testado por quem usa iPhones 5 e 6. Os cientistas levaram quase dois anos trabalhando em 43 versões da fórmula antes de definir a final. Por que tantas? Antes de mesmo de considerar o efeito selfie, a base é a maquiagem mais difícil de ser desenvolvida. Cada tonalidade resulta de um delicado equilíbrio de quatro pigmentos: preto, branco, amarelo e vermelho. O mínimo de excesso de preto fará o rosto parecer sujo; com o excesso de branco, parecerá gesso; o excesso de amarelo o fará parecer pálido; e o de vermelho, muito rosado.

Outro problema é combinar o uso prolongado e o brilho. As bases que precisam ter uma duração maior são frequentemente matte, já que precisam combater a oleosidade. Entretanto, o matte “pode parecer mortiço nas fotografias”, diz Sarah. Para garantir luminosidade na medida, a CoverGirl acrescentou à fórmula partículas de mica no formato de plaquetas, que são achatadas e permanecem sobre a pele por muito tempo. Mas o teste do iPhone revelou que, na tela, elas pareciam brilhantes e cintilantes. O produto voltou então ao laboratório para que fosse equilibrado.

Na Smashbox, marca de cosméticos criada por um fotógrafo, os pesquisadores trabalham na crianção de uma base e de um bronzeador que, esperam, ficará ótimo sob todo o tipo de iluminação. Em abril, a companhia inaugurou um visor em tamanho natural, um quarto escuro de 6 metros por 6 metros em Culver City, Califórnia, denominado Flashbox, para testar como sua maquiagem se comporta sob diferentes condições de iluminação, uma das quais é a dos selfies. De acordo com Jill Tomandl, vice-presidente de desenvolvimento de produtos e inovação da empresa, boa parte dos produtos já são submetidos a testes com iPhone 5 e 6 e um Galaxy da Samsung.

Batom Ultra Colour Bold, da Avon,£ 7,50 no site da marca Foto: Divulgação

O batom é outro desafio para as empresas. No ano passado, a Avon lançou o Ultracolor Bold, criado para ser mais fiel à cor que a consumidora vê na embalagem quando ela o está usando - e na câmera. O batom tem 50% mais pigmento do que as cores tradicionais da companhia - antes, essa quantidade tornava um batom seco e compacto e acentuava as linhas dos lábios. Mas a Avon diz que usa uma tecnologia de que permite que ela acrescente o pó de pigmento, mas sem perder a umidade. Com a máscara para cílios, que também está sendo preparada para as mídias sociais, o foco está no volume. Para as selfies, isso significa a mais intensa possível. A CoverGirl testou 40 versões diferentes antes de escolher uma que, segundo ela, é tão diferente da escovinha típica, que tem um nome diferente: “lash styler”. (à primeira vista, parece não ter cerdas, apenas produto, e ensopa os cílios com máscara mais rapidamente). Uma nova geração de produtos para uma nova geração de consumidores.

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Tradução de Anna Capovilla

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