PUBLICIDADE

Doar leite materno ajuda a salvar vida de prematuros

Brasil tem 215 bancos de leite; saiba como e onde doar

Por Maria Eduarda Chagas
Atualização:

Ao menos três vezes por semana, a técnica de enfermagem Michele Maximino viajava 75 quilômetros, de Quipapá, no interior de Pernambuco, para Caruaru. O objetivo? Doar leite. Conhecida como a maior doadora de leite do Brasil, Michele acredita ter cedido cerca de 470 litros após o nascimento de sua filha Mariana, que já completou 3 anos.

Mãe de três filhos, Michele já havia doado leite nas duas primeiras gestações, mas pouco. O comprometimento de doar veio mesmo a partir da terceira gravidez. "Minha filha nasceu prematura. Vi o sofrimento das mães quando os filhos ficam na UTI e elas não têm leite para dar", conta.

Michele Maximino amamenta a filha Mariana, de 3 anos Foto: Arquivo Pessoal

PUBLICIDADE

A doação de leite materno, como percebeu Michele, é essencial para salvar a vida de prematuros. Segundo Paulo Bonilha, Coordenador da Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde, no Brasil, cerca de 12% dos bebês nascem antes da hora. "Leite materno faz muita diferença na saúde desses bebês. Nenhum leite artificial se iguala ao humano", explica Bonilha.

E para as mães, a doação também só traz benefícios. De acordo com a ginecologista e obstetra Erica Mantelli, ao estimular a amamentação, a mãe acaba produzindo mais leite, inclusive para o próprio filho. "Além disso, o aleitamento reduz o risco de câncer de mama, quando realizado por seis meses", afirma. De acordo com a especialista, a própria sucção do bebê ajuda a produzir mais leite, assim como a ordenha manual ou o uso da bomba.

A frequência da doação de leite também reduz os riscos de a mãe ter problemas nas mamas. De acordo com Domingos Mantelli, ginecologista e obstetra, o ato contribui para que as mães tenham menos tendência a desenvolver ingurgitamento mamário, conhecido como leite empedrado, além de fissuras e mastite.

Mas, embora a doação de leite seja vantajosa para todos os envolvidos, ainda são poucas as mulheres que têm disposição ou conhecimento para participar dessa iniciativa. De acordo com dados da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, este ano foram doados mais de 119 mil litros de leite pelo País. O número está abaixo do ideal. "A maioria dos bancos de leite costuma trabalhar em uma situação limítrofe, com uma quantidade que apenas dá conta dos prematuros do próprio hospital", afirma Bonilha.

No Brasil, há 215 bancos de leite atualmente. Nos bancos, o leite é pasteurizado para eliminar microrganismos que possam ser prejudiciais para as crianças. "Bancos de leite são locais também de apoio ao aleitamento materno. Qualquer mulher que tiver com dificuldade em amamentar pode procurar esses locais, que lá encontrará especialistas", diz Bonilha. Pelo País, existem também 147 postos de coleta, que apenas recebem o leite e encaminham para os bancos.

Publicidade

Para doar. Para ser uma doadora de leite, basta que a mãe seja saudável e não tome nenhum medicamento contraindicado no período da amamentação. O leite precisa ser armazenado em um frasco de vidro com tampa de plástico e ficar guardado na geladeira. Mais orientações sobre higiene e armazenamento podem ser consultados no site do Ministério da Saúde.

Depois é só levar ao banco de leite ou posto de coleta mais próximo - que pode ser consultado na lista da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano

Michele garante que a sensação é recompensadora. "A pessoa se sente bem, mais humana. Não me arrependo nem um pouco. Se eu tivesse outro bebê, doaria de novo, com o maior prazer. É ótimo fazer o bem", diz.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.