Olhos abertos e hidratados

Esteja atento ao clima e saiba como proteger a saúde ocular do tempo seco

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Por RODOLFO ALMEIDA
Atualização:

Que o tempo seco faz mal a saúde não é novidade. Todo inverno traz consigo a proliferação de poluentes causada pela falta de chuvas. Mas novos hábitos como a checagem constante de celulares podem tornar este problema ainda mais presente – e com a seca enfrentada pelo estado de São Paulo, a recomendação é de atenção dobrada. O alerta é da oftalmologista e coordenadora do Grupo de Estudos em Superfície Ocular do Hospital das Clínicas, Ruth Santo. “Estamos vivendo em um ambiente com nível baixíssimo de umidade no ar, por volta de 15% a 20%. É uma situação semelhante à de áreas desertas e incompatível com nossa saúde.”

A aridez pode aumentar o risco de se contrair infecções, reduzir a qualidade da visão e prejudicar as atividades do dia a dia Foto: AFP

Segundo a especialista, no passado, os problemas de saúde ocular afetavam majoritariamente pessoas com mais de 50 anos de idade, e eram causados por fatores específicos, como doenças que acometem a glândula lacrimal. Hoje, a “síndrome do olho seco” não é exclusiva desse grupo: mudanças em circunstâncias ambientais e comportamentais estenderam esta condição à população em geral – ou, nas palavras da oftalmologista, “é o ambiente que ficou doente.” Circunstâncias essas como, por exemplo, o uso excessivo de eletrônicos. “Estamos dependentes de atividades que requererem uma atenção visual constante, como o uso de tablets, celulares e computadores. Aliado a exposição ao ar condicionado, isso faz com que pisquemos menos os olhos e a lágrima evapore mais facilmente”, explica. Não, a solução mais óbvia pode não ser a melhor. Segundo Ruth, “não é piscar toda hora que vai resolver o problema, pois o piscamento é involuntário. Mas existem, sim, algumas mudanças ambientais e de rotina que podem ser realizadas que trazem benefício à saúde dos olhos”. Como por exemplo, fracionar o horário de trabalho. Com pequenas pausas durante o dia, o esforço visual contínuo é interrompido, evitando a sobrecarga e deixando alguns minutos para a hidratação ocular. Além disso, evitar a exposição ao ar condicionado e arejar o ambiente da melhor maneira possível – com o uso de umidificadores de ar, por exemplo – também podem ajudar. Mas, no geral, a recomendação mais simples é a mais efetiva: hidratação. Nesse clima, o importante é manter o corpo hidratado como um todo, então, desde beber muito líquido até utilizar medicamentos para os olhos, as diversas opções são válidas. O tratamento com lubrificantes oculares, como as lágrimas artificiais – colírios que melhoram a qualidade da lágrima – é uma delas. Segundo a médica, “a lágrima artificial funciona como um hidratante para a pele. Se a pele está seca, passamos um creme para melhorar. Com o olho funciona da mesma forma. Esse colírio ajuda a corrigir lágrimas desbalanceadas, tornando elas mais concentradas e menos instáveis.” Isso porque a visão saudável depende da umidificação da superfície ocular. Com os olhos secos, o primeiro sintoma notado é o desconforto e, mais tarde, a interferência na visão. Essa aridez pode aumentar o risco à bactérias e infecções, reduzir a qualidade da visão e prejudicar as atividades do dia a dia. Assim, vale a pena tomar as precauções antes mesmo de sentir desconforto ou apresentar sintomas, já que eles podem indicar um quadro mais crítico e passível de intervenção médica. Segundo a médica, “o mais difícil de se tratar são as doenças individuais da visão. Se conseguirmos melhorar um pouco mais o ambiente, provavelmente teremos menos chances de complicações nos olhos. Podem ser mudanças simples, mas podem evitar que isso se torne uma doença grave no futuro”, conclui.

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