Aberta para o verde

Projeto do arquiteto Marcos Bertoldi em Curitiba valorizou o bosque na frente do terreno e espalhou luz pela casa

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Como se não bastasse estar voltada para uma área de mata preservada, esta casa em Curitiba tem outro atrativo: araucárias majestosas no jardim. Protegidas por lei, as árvores nortearam o projeto do arquiteto Marcos Bertoldi. “A casa enquadra o bosque nativo. Tudo tem a perspectiva da mata e da orientação solar, o que, em um cidade fria como a nossa, é fundamental”, diz.

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Ao voltar a grande área social para a vegetação, ele permitiu a entrada do sol em todo o imóvel, de 634 m². O espaço que reúne salas de estar e jantar, home theater e cozinha gourmet marca a fachada principal da casa, formada por dois grandes volumes separados por uma área central envidraçada. 

Esse desenho simétrico, porém, só é visto aqui. “À primeira vista, a casa tem um conceito de simetria, mas, nos fundos, esse desenho sofre uma desintegração para outras formas. Trabalhei com o conceito de assimetria e volumetria, fazendo subtrações e adições nas fachadas complementares”, conta o arquiteto. Assim, surgem as “caixas” forradas com mármore travertino navona que acomodam o jardim do lavabo, ao lado da porta da entrada principal, e parte do home theater, em outra extremidade.

O mármore é o principal revestimento utilizado, dentro e fora do imóvel. “A casa tem um embasamento de pedra organicamente instalado, como se estivesse refazendo o terreno irregular.” O material aparece também em parapeitos que, apoiados em bases também da pedra, parecem flutuar. Um deles fica perto da piscina triangular, diante do living, que vira um espelho d’água ao se aproximar da parede – outra opção de entrada na casa é uma passagem sobre ele.

Bertoldi assina os interiores e procurou atender ao pedido dos proprietários – um casal com crianças – de uma decoração com cores neutras e uso de material natural nos móveis, como madeira e linho. Entusiasta do design nacional, ele incluiu entre as peças contemporâneas que ambientam o living peças, entre outros, de Sergio Rodrigues e Porfírio Valladares. Amplo e bem iluminado, o trecho do living onde estão as salas de estar e jantar tem pé-direito duplo, o que reforça a presença da mata na conformação do imóvel. Do lado oposto, a área gourmet bem servida de equipamentos tem o preto como cor predominante.

No quarto principal, chama atenção o contraste entre alguns dos móveis escolhidos. Ao lado da cama desenhada no escritório do arquiteto, no lugar de tradicionais criados-mudos, estão uma mesa amarela e outra espelhada. Na parede atrás da cabeceira, a opção foi por um veludo preto. “Quis tratar o luxo do espelho de forma mais lúdica, inesperada, contrastando com o amarelo, para que não tivesse um ar de ostentação.”

No cômodo, como no estar, onde não há espaço para o clássico “sofá e duas poltronas”, a assimetria é, enfim, uma opção definitiva. “Procuro equilibrar as diferenças, não quero o estável, o que não se movimenta.” 

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