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Arquitetura efêmera

Criador do pavilhão brasileiro na Expo 2015 de Milão apresenta seu projeto

Por Marcelo Lima
Atualização:
O arquieto Arthur Casas Foto: divulgação

Até outubro deste ano 140 países têm encontro marcado em Milão. Em discussão, uma resposta possível a uma necessidade vital: como nutrir todos os povos sem colocar em risco a sobrevivência do planeta? “O desafio foi duplo: comunicar nosso papel como produtor de alimentos, mas também proporcionar ao visitante uma experiência de imersão sensorial”, conta o arquiteto Arthur Casas, que, em parceria com o cenógrafo Marko Brajovic, assina o pavilhão brasileiro na Expo Milano 2015.

Um gigantesco volume aberto, no qual os tons da estrutura de ferro acentuam o caráter orgânico da construção e a transição gradual entre interiores e exteriores desfaz limites entre arquitetura e cenografia. Ponto alto da montagem, uma imensa rede esticada, definindo espaços de relaxamento e de lazer, já se revelou uma das principais atrações da mostra, inaugurada no início deste mês. “Ela é permeável como a cultura brasileira”, arrisca Casas, que, nesta entrevista exclusiva, apresentou seu projeto para o Casa.

A entrada principal do pavilhão Foto: Raphael Almeida

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Arquitetura e cenografia parecem ser indissociáveis no projeto do pavilhão. Como foi trabalhar com o cenógrafo Marko Brajovic?

A união dos nossos escritórios e expertises foi essencial para vencermos o concurso que escolheu os autores do projeto. Houve desde o começo uma grande sinergia entre nossas equipes. Percebi de cara que não se tratava de um projeto especificamente de arquitetura mas que dependia, em igual importância, da sua apresentação e conteúdo. De como veicularíamos a mensagem que precisaríamos passar. 

É o primeiro projeto do tipo que desenvolve? Quais parâmetros ele comporta?

Sim, foi o primeiro. A Expo é imensa e a concorrência, idem. É preciso, portanto, ‘convidar’ o público a conhecer e vivenciar nosso espaço, até porque é impossível percorrer todos os pavilhões em um único dia. Daí a ideia de deixar o espaço mais permeável, com vários acessos e, inclusive, com a adoção da rede que se tornou um dos ‘musts’ da mostra e, muito provavelmente, vai contribuir para fazer do nosso pavilhão o mais visitado do evento. 

A propósito, qual o significado dela do ponto de vista simbólico e construtivo? 

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Nesse momento, estamos em rede, de alguma forma nos comunicando. Além disso, ela se conecta diretamente ao tema da Expo, uma vez que, no futuro, apenas uma rede eficiente vai possibilitar que os alimentos possam chegar ao consumidor final, sem passar por grandes centros de distribuição. Foi essa reflexão que nos levou a incorporá-la ao projeto. Além, claro, de seu aspecto lúdico. Ela imprime humor e diversão ao pavilhão, além de remeter à preguiça, tão nossa, cantada por Caymmi.

Uma rede que permite a circulação de pessoas delimita o andar superior do pavilhão Foto: Raphael Azevedo

 

Nas laterais do pavilhão, corredores abrigam exposições de arte Foto: Raphael Azevedo

 

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