Arte manual

Designer e artista plástica, Eva Soban fala sobre seu trabalho com tapeçaria

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Por Marcelo Lima
Atualização:
A artista em meio às formas têxteis criadas para a exposição Flores Negra Foto: Divulgação

Um pouco de fotografia. E também sociologia e política. "Entrei na faculdade porque tinha sede de aprender, mas até hoje nunca fui buscar meu diploma". Escapa a definições a caleidoscópica formação da artista plástica e designer têxtil Eva Soban. Mas é bastante nítida para ela, assim como para a crítica especializada, o seu ponto de chegada. "Há anos descobri o universo têxtil e nele estou, ainda hoje, completamente ligada e descobrindo coisas", comenta Eva, que participou de todas as célebres trienais de tapeçaria que movimentaram o MAM paulistano da década de 1970, bem como de diversas mostras no Brasil e no exterior. A mais recente delas, Floresta Negra, tem abertura prevista para o próximo dia 30 no Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera. Assunto que ela aborda nesta entrevista ao Casa.

Tapeçaria Azul Foto: Divulgação

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O que a levou à tapeçaria? Flertei com diversas manifestações artísticas. Mas queria algo que pudesse ser feito com as mãos. Que me exigisse um envolvimento maior com meu corpo. Algo que fosse mais visceral do que mental. Sempre gostei de fios de fibras e procurava alguma forma de criar forma, volume com esses materiais. E isso encontrei na tapeçaria. 

O que mais a fascina no trabalho? O processo ou o produto final? Tudo me fascina, o processo é circular, se auto alimenta. O que desperta minha atenção pode surgir numa viagem, como a que fiz à Patagônia argentina e inspirou minha série Floresta Negra, que será exibida no Museu Afro, ou ao observar a árvore que fica em frente à minha casa. Creio que sempre que alguma coisa me toca fora é por que já tem alguma referência dentro de mim. Mas acredito que o meu trabalho se realiza no fazer. Claro que penso no todo, mas é o processo, inquietante em todas as suas etapas, que me move.

Sente que existe um renascimento do interesse pela tapeçaria? Acho que sim, o que é muito bom. Tenho visto nos últimos anos, em bienais e feiras internacionais ,vários artistas com expressões têxteis fortes. No Brasil, até bem pouco, existia um certo preconceito com a arte dita têxtil. Mas é cada vez maior o número de jovens artistas que estão buscando a tapeçaria de forma revigorada e sem pré-conceitos. Me alegra o coração que seja assim. Que venham muitas obras

Tapeçaria Tiras, de Eva Soban Foto: Divulgação
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