Após um hiato de duas edições, a crítica de design e editora da revista Arc Design, Maria Helena Estrada, finalmente voltou a visitar a Semana de Design de Milão. De imediato uma constatação: “Na vanguarda estão os que se interessam pelos novos materiais e tecnologias. Aliás, essa hoje é a única vanguarda possível”. Sempre interessada nos rumos da criação contemporânea, mesmo antes de chegar à sede do Salão do Móvel Maria Helena já havia selecionado seu destino prioritário: a bienal de iluminação Euroluce. A mais conceituada entre as feiras internacionais do setor e, onde, a cada edição, a cultura do design tem encontro marcado com a inovação tecnológica. Nesta entrevista ao Casa ela conta o que observou em sua visita.
Do ponto de vista do design de luminárias, como avalia a substituição dos bulbos (halógenos e incandescentes) pelas lâmpadas LED?
Vejo apenas vantagens. Mais liberdade criativa, maior economia, mais pesquisa tecnológica. Até Ingo Maurer, o poeta do bulbo, soube fazer ótimo uso desse pequenino e aparentemente inexpressivo emissor de luz.
Após sua visita à Euroluce, você diria que, em termos formais, a iluminação está mais para ‘menos é mais’ ou para ‘quanto mais melhor’?
Como na poesia, menos para mim é quase sempre mais. Menos elementos e maior carga expressiva. Exceção feita para o barroco, quando belo, ou o insuperável gótico. Mas isso é do tempo em que ainda não existia a avalanche de informação a que estamos sujeitos hoje. Menos, em iluminação, significa focar, prioritariamente, em uma só ou poucas mensagens. Mais? Bem, só quando for realmente útil e necessário.
Quem está na vanguarda no setor e por quê?
Aqueles que se interessam pelos novos materiais e tecnologias. A propósito, vale citar os novos modelos de luminárias recarregáveis via porta USB, que dispensam fios. Caso dos abajures criados por Philippe Starck para a Flos e por Ferruccio Laviani para a Kartell. Por outro lado, as formas, repetidas “ad nauseam”, têm hoje mínima importância, a não ser quando acrescentam um novo serviço, ou são críticas ou irônicas, como em muitos exemplos de Starck. Ou intensamente poéticas, como toda a coleção de Ingo Maurer. O arquiteto alemão Mies van der Rohe dizia não ser necessário inventar uma nova arquitetura a cada segunda-feira. Tinha razão. Mas, convenhamos, designers e empresários, não vale exagerar na dose.