1,3 milhão de roupas falsificadas foram apreendidas no último ano no Brasil

Lacoste, Louis Vuitton, Morena Rosa e Carmim estão entre as maiores vítimas de pirataria. Prejuízo causado é de R$ 1,8 bilhão

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Por Giovana Romani
Atualização:
Polos da Lacoste estão entre as mais copiados. As da foto são as originais Foto: Reprodução/ Facebook Lacoste

Polos Lacoste, bolsas Louis Vuitton, camisetas Ralph Lauren, camisas sociais Dudalina, calças jeans Morena Rosa, blusinhas Carmim. Eis as principais peças cujas falsificações dominaram o mercado nacional mo último ano, de acordo com dados da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF). Nesta terça-feira, 3, a entidade divulgou um estudo inédito sobre o custo do contrabando no Brasil. O setor de vestuário ocupa o quarto lugar no ranking da falsificação, atrás apenas dos segmentos de cigarros, eletrônicos e informática. E o prejuízo causado anualmente ao País pelas roupas falsificadas é de 1,8 bilhão de reais.

No ano passado, em 42 ações realizadas pela entidade em parceria com a polícia civil, 1,3 milhão de peças foram apreendidas. “Trata-se de um problema grave que deveria ganhar maior atenção das empresas, sobretudo neste período de mercado retraído”, afirma Rodopho Ramazzini, diretor da ABCF e advogado especializado em fraudes e falsificações. “Com a pirataria, a marca acaba desvalorizada e pode até quebrar. Foi o que ocorreu com grifes como a Zoomp, que não tratou a questão de maneira adequada.”

Coleção de inverno da Morena Rosa: a grife nacional atua no combate à pirataria Foto: divulgação

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Do total de roupas piratas vendidas no país, 60% vêm do exterior - cópias de acessórios das francesas Louis Vuitton, Hermès e Dior, por exemplo, são importadas da China, enquanto falsificações de bolsas da italiana Fendi provém da própria Itália e da Turquia. Tais produtos viajam em containers e entram no país de navio. Há ainda as peças produzidas no Paraguai, a exemplo de camisetas Ralph Lauren e Tommy Hilfiger, que passam facilmente pela fronteira.

Os outros 40% de peças do mercado são confeccionados em três grandes polos: a região do Brás, em São Paulo, a cidade de Apucarana, no Paraná, e o município de Jaraguá, em Goiás. “Diferentemente da indústria tradicional, esses locais têm uma produção compartimendada. Uma fábrica corta o tecido, outra costura e outra faz as etiquetas, para dificultar a fiscalização”, afirma Ramazzini. 

Em geral, as ações de apreensão realizadas pela polícia civil têm origem em denúncias recebidas também pela ABCF. No fim do ano passado, por exemplo, 30 mil peças de roupas falsificadas das grifes Dudalina, Lacoste, Colcci e Carmim foram apreendidas em um depósito em Goiânia. Ramazzini faz questão de acompanhar as ações e, como advogado, posteriormente move ações indenizatórias a pedido das marcas“A pirataria causa problemas para o consumidor e para a indústria”, diz ele. “Os produtos têm baixa qualidade, prejudicam a economia e, na maioria das vezes, são feitos por pessoas que trabalham em condições análogas à escravidão.”

O que dizem as grifes

As maiores vítimas de pirataria no segmento de vestuário no país têm tomado medidas para defender seus interesses. Além de ser associada à ABCF, a Morena Rosa conta com o serviço do advogado Ramazzini para impedir a venda de cópias e receber indenizações. “Neste primeiro bimestre, já tivemos sucesso ao deflagrar diversas operações ilegais e o combate à falsificação continuará sendo uma das nossas prioridades”, diz Eduardo Hernandes, gerente administrativo e jurídico grupo, que engloba também as marcas Maria.Valentina, Joy, Zinco e Lebôh. “Por mais que a pirataria seja reflexo do desejo por nossos produtos, essa prática é crime e prejudica não somente o consumidor, mas toda a cadeia produtiva.” 

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A francesa Lacoste também mantém contrato com um escritório especializado e ainda atua junto às autoridades públicas em conjunto com outras empresas, por meio do Grupo de Proteção à Marca(BPG). “Com essa associação, damos treinamentos e seminários aos servidores públicos que detém o poder de polícia para combater essa atividade ilícita e aos servidores das aduanas dos portos, que podem barrar a entrada de produtos falsificados no país. A empresa mantém uma política agressiva, de tolerância zero,em defesa da sua marca”, diz a nota oficial emitida pela grife. Para o diretor de marketing da Carmim, Reynaldo Pasqua, quem adquire peças pirateadas também tem culpa. "Os consumidores de produtos falsificados, além de alimentarem uma atividade ilegal, compram uma ilusão”, afirma.

No fim de 2014, 30 mil peças fora apreendidas em uma operação da polícia acompanhada pela ABCF em Goiânia Foto: Rodolpho Ramazzini/divulgação
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