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A influência de Kurt Cobain na moda

Mais de 20 anos após a sua morte, o vocalista do Nirvana é tema de um novo documentário e inspira coleções de grandes marcas

Por Jorge Grimberg
Atualização:
Kurt Cobain, vocalista da banda Nirvana, morreu em 1994 Foto: Divulgação

Os anos 90 estão de volta à cena fashion e o estilo do porta-voz do movimento grunge parece mais relevante do que nunca. Kurt Cobain, líder da banda Nirvana, conseguia expressar em suas canções a angústia que a juventude enfrentava no início da última década do século XX. Com suas camisas xadrez, suas calças destroyed e suas malhas de lã oversized, ele quebrou a estética plástica e exagerada dos artistas pop dos anos 80 e inaugurou uma nova era. O estilo e as músicas de Cobain prometem influenciar agora uma nova geração graças ao novo documentário "Kurt Cobain: Montage of Heck", de Brett Morgen, lançado no Brasil no mês passado.

Tudo o que Kurt Cobain vestia, por mais simples que fosse, gerava certo fascínio. Seu estilo era despreocupado, um símbolo da contracultura por mostrar desprezo pela opinião dos outros. Esse movimento é marcado pelo surgimento de um outro ícone, que segue firme e forte, o estilista Marc Jacobs. Vinte anos depois, ele continua quebrando as regras, como na última semana, em que postou sem querer uma foto sem roupa em seu perfil no Instagram.

Kate Moss no desfile icônico de Marc Jacobs para Perry Ellis, em 1993 Foto: Reprodução

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A ascensão e a queda de Cobain ocorreu junto com a chegada do estilista americano, que em 1993 comandava a grife Perry Ellis e se preparava para apresentar a sua coleção de primavera-verão na Semana de Moda de Nova York. Com um casting que incluía as modelos mais caras da época, como Carla Bruni, Kate Moss e Naomi Campbell, o desfile deixou a imprensa e a indústria fashion mais perplexas do que encantadas. Na passarela, apareceram coturnos Doc Martens, longas saias xadrez, camisetas tipo pijama, cabelos despenteados e um gorro que mais parecia uma meia na cabeça. Foi uma clara homenagem à cena underground emergente de Seattle, algo totalmente fora do glamouroso circuito que representava as fashion weeks na época.

  O desfile grunge de Marc Jacobs quebrou paradigmas, mas o estilista foi demitido na sequência e a coleção nunca chegou a ser produzida. Nada que atrapalhasse sua carreira promissora. Agora, duas décadas depois, Hedi Slimane resolveu trazer o estilo de volta ao centro do mundo da moda. À frente da marca francesa Saint Laurent, o estilista reproduziu itens idênticos aos usados por Kurt Cobain, com as mesmas texturas e padronagens e, o que a princípio gerou controvérsia, acabou se tornando um dos maiores cases de sucesso do grupo francês Kering, que engloba a marca e é responsável também pela operação de outras grifes como Gucci e Balenciaga.   

Coleção masculina da Saint Laurent: roupas e atitude inspiradas em Kurt Cobain Foto: Reprodução

Cobain deixou uma herança maior do que sua música. Até hoje, milhares de jovens querem expressar rebeldia e descaso como ele fazia, transformando angústia em arte e estilo. Seu legado vai além do universo underground e atualmente é reproduzido em grande escala por gigantes do fast fashion. Trata-se do anti-herói que deu certo. Um conto de tragédia que em 2015 ressurge, mantendo a chama do grunge acesa para uma nova geração, que encontra no cantor uma referência na busca por um sentido na vida na era da superexposição. 

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