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A moda original está de volta

De Nova York a Londres, a temporada de outono/inverno 2015 já aponta a autenticidade como o principal caminho para a moda

Por Jorge Grimberg
Atualização:
Street style em Londres e detalhe da Sibling: a autenticidade está de volta à moda 

As apresentações das coleções de outono/inverno 2015/16 do hemisfério norte começaram no dia 12 de fevereiro, em Nova York, na véspera do carnaval brasileiro, e só terminarão em Paris no dia 11 de Março. Em um mundo de imediatismo e cópias, a nova temporada tem gosto de originalidade. Ela começou com marcas consagradas, como Marc Jacobs e Calvin Klein, baseando-se nos próprios históricos e propostas iniciais para definir os caminhos que irão seguir no futuro.

Na era da informação atualizada a cada segundo, revelar sua identidade real e buscar a lealdade dos clientes a longo prazo é a nova forma de jogar dos estilistas. As coleções que estão se destacando nesta temporada são aquelas assinadas por profissionais que demonstram confiança e têm um ponto de vista forte. Também em Nova York, Alexander Wang apresentou ambas as características em um desfile brilhante. Depois de se estabelecer como porta-voz da tendência esportiva nas últimas temporadas, sugerindo tecidos tecnológicos, mochilas e tênis, Wang mudou o rumo conceitual de sua marca e deixou o esporte rumo ao gótico/metal. Com inspiração no universo do cantor Marilyn Manson e de suas próprias clientes - que vestem muito preto -, as roupas da passarela são perfeitamente usáveis e remetem aos primórdios do estilista. Agora, porém, carregam a sofisticação que ele adquiriu em anos de experiência, que incluem a direção criativa da grife Balenciaga. 

Alexander Wang 

À frente da Calvin Klein, o brasileiro Francisco Costa também deu um passo adiante como designer ao arriscar conferir uma pegada rock’n roll e urbana a seu já conhecido estilo minimalista. Com peles, couro e peças de cortes retos, o desfile manteve a personalidade de Costa, mas devolveu à marca a ousadia afiada característica do estilista Calvin Klein, agora aposentado. 

Calvin Klein e Marc Jacobs 

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Na ativa e em plena forma, Marc Jacobs fez uma coleção perfeitamente executada. Inspirado em um dos maiores ícones da moda do século XX, a editora Diana Vreeland, Jacobs - que agora cuida exclusivamente da própria grife - criou estruturas poderosas e severas repletas de detalhes. Seus casacos feitos a mão resultam em um visual ao mesmo tempo antiquado e prafrentex. Marc Jacobs é assim: faz o que ninguém fez antes de todo mundo.

Ainda em Nova York, o desfile da Proenza Schouler foi um dos mais experimentais e celebrados da estação. A coleção apresentou o estilo abstrato que consagrou a dupla Jack McCollough e Lazaro Hernandez no passado. Havia um sentimento de experimentação juvenil em cada peça. Os estilistas desenvolveram tecidos com recortes espontâneos e inusitados, como se ambos estivessem fazendo o trabalho de formatura da faculdade e não conhecessem os vícios de mercado. 

Proenza Schouler e Gareth Pugh 

E finalmente chegamos a Londres, de onde escrevo essa coluna. A semana de moda por aqui termina nesta terça, dia 24, e também comprova-se que o momento da moda é de volta ao sentimento original de cada designer. Menos tendências e mais estilos reconhecíveis. Os primeiros dias de apresentações na capital inglesa mostraram que a vanguarda e a ousadia made in London dominam o espírito atual. “Londres é o lugar onde tudo começou para mim. Essa é a minha casa”, disse o estilista Gareth Pugh, sobre seu primeiro desfile na capital inglesa desde 2007, que ocorreu na noite de sábado (21). 

Em Londres tudo é subversivo: a marca inglesa Sibling apresentou a vanguarda em sua melhor forma punk rock, e JW Anderson, o estilista sensação do momento, embarcou em um clima de anos 80 exótico e sentimental. "Vivemos em um momento na moda em que sentimos muita nostalgia", afirmou Anderson à imprensa internacional. "E esse sentimento acontece porque, no fundo, ninguém sabe para onde está indo e todo mundo está tentando descobrir a que lugar pertence." 

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Sibling e JW Anderson 

Saber de onde você vem é essencial para descobrir qual caminho seguir. A sensação que dá é que, após essa temporada, quem não tiver uma fundação bem definida não vingará. Isso vale para a passarela e para os ícones de moda de rua. Menos looks montados e mais emoções verdadeiras estão por vir em 2015. 

Assim esperamos. 

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