A musa irreverente da moda nacional

Sabrina Sato fatura até R$ 1 milhão por mês como apresentadora e garota-propaganda de marcas populares às principais grifes do país

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Por Helena Tarozzo
Atualização:
A apresentadora Sabrina Sato no jantar em homenagem ao estilista Pedro Lourenço Foto: Divulgação

Estamos no restaurante Kaviar Caspia, em Paris, durante a semana de desfiles. De repente, ela entra. Com 1,70 metro de altura, pernas de fora, cabelos soltos, veste apenas um blazer de alfaiataria fechado, preto. Em segundos, atrai todos os olhares. Poderia ser Kate Moss, Gisele Bündchen ou então a atriz Diane Kruger. Mas é Sabrina Sato. O estilista Reinaldo Lourenço lembra do episódio. “Foi ali que entendi o seu poder de atração”, diz ele. “E o seu papel de traduzir a moda para a grande massa no trânsito entre a elite e a população em geral.” 

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Não é nenhum segredo, o que Sabrina veste é muito curto ou muito justo. Mas quase tudo cai bem em seu corpo seco e sarado. Para ela é fácil chamar a atenção tanto de homens, quanto mulheres. Se na ala masculina instiga pelo sex-appeal, na feminina, virou um exemplo inspirador de mulher bem-sucedida, com o corpo ideal e roupas-desejo. “As leitoras a amam, porque acham que é uma mulher de verdade.”, diz Marina Caruso, diretora de redação da revista Marie Claire, a primeira publicação feminina a apostar em uma capa com a apresentadora. “A edição com ela bateu todos os recordes de vendas em 2011.” 

Sabrina ainda conta com o fator bom humor, que conquista por sua simplicidade e, garante, só desaparece quando tem fome ou está atrasada. Todos esses pontos a tornam muito requisitada quando o assunto trata de flashes, likes ou cifrões. E a moda, claro, está justamente em busca disso. Ao estrelar campanhas publicitárias, ela atinge o público democraticamente, em todas as classes sociais.

Para efeito de comparação, Sabrina está para a moda brasileira como Victoria Beckham está para a moda britânica e Kim Kardashian está para o mercado norte-americano. Ou seja, celebridades que no inicio de carreira não tinham apelo fashion (mas um forte sex appeal) e aos poucos foram marcando presença em red carpets e conquistando espaço entre estilistas. 

Hoje Sabrina é musa dos fashionistas. No jantar de lançamento da parceria entre a MAC e o Pedro Lourenço, ela causou com um vestido do estilista, um batom forte, vinho-escuro, e a simpatia de sempre – ofuscou até Mariana Ximenes e Isis Valverde. Há pouco mais de um mês no ar com o seu Programa da Sabrina, na Rede Record, o que se fala nas redes sociais é que ela está mais chique. Talvez seja uma questão de maturidade profissional, que a faz arrastar menos o “r” interiorano no famoso bordão “É verrrrdade!” e se aventurar com vestidos de comprimento acima do joelho. 

Mas há alguns anos, fora das telas, ela é presença garantida na primeira fila de desfiles concorridíssimos (que não começam enquanto ela não chega) e usa apenas roupas de grifes AAA. Louis Vuitton, Christian Louboutin, Versace, são alguns dos nomes internacionais que veste em eventos de gala, como o último baile da amFAR, em que desfilou uma criação de Riccardo Tisci, estilista da Givenchy. E se o assunto for designers brasileiros, ela dispara com uma lista de preferidos na ponta da língua: André Lima, Alexandre Herchcovitch, Helô Rocha, Pedro Lourenço. 

A apresentadora cresceu na loja da mãe, Kika, onde adquiriu o gosto por moda e entendeu que poderia ser várias personagens, de diferentes estilos, apenas trocando de roupa. Participativa e com opinião forte, ela faz questão de palpitar na escolha do figurino do seu programa, em que ela e o stylist e amigo Yan Acioli optaram por usar apenas peças de estilistas brasileiros. 

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Acioli a veste em todas as ocasiões há mais de 9 anos e, depois de deixar de lado uma leva de roupas vindas do exterior, convidaram poderosos nomes nacionais para desenhar peças exclusivamente para Sabrina usar no palco. “Acho que existe muito essa tendência de só valorizar a moda que vem da Europa. E a moda brasileira é cheia dessa coisa latina e quente que os europeus não têm e que me agrada muito”, conta ela, que já desfilou vestidos, macacões e criações de Patricia Bonaldi, Martha Medeiros, Patricia Viera, Walério Araújo e Dudu Bertholini, entre outros que virão nos próximos sábados. Porém, o bom e velho míni short jeans ainda não perdeu a sua vez. Sabrina usa sua marca registrada e informal para algumas matérias, como as que gravou no Estádio Itaquerão,na capital paulista, e no Morro do Vidigal, no Rio de Janeiro.

Se o Programa da Sabrina ainda anda em meio aos altos e baixos do índice de audiência (foram registrados 10 pontos no IBOPE na estreia e os últimos programas oscilaram entre os 6 e os 8 pontos), sua imagem continua numa crescente, com a capacidade de agregar fãse contratos. Garota-propaganda de muitas marcas de roupa, como Sommer e Armazém, a label de lingerie Marcyn e a Sawary, de calças jeans, ela atinge diretamente o público plural que a acompanha desde os tempos de BBB e Pânico.

 “Na época do primeiro contrato, em 2006, fizemos uma pesquisa e ela tinha 90% de aceitação”, conta Miled Khoury, empresário dono da Sawary, que vende 40 mil modelos de calças por mês e fatura 24 milhões por mês. Sabrina faz todas as campanhas da grife, de verão e inverno, e seu contrato com eles vai até o final de 2014, já cogitado para ser renovado, após aprovação de Miled. “Achei o programa espetacular, é a cara dela. Faltam alguns ajustes, mas acho que tem tudo para dar certo.” 

Ao longo de sua participação como integrante do Pânico na TV e do Pânico na Band, em que esteve durante 10 anos, Sabrina soube rentabilizar sua imagem: lançou o seu nome como marca e atualmente possui vários produtos licenciados, com os quais recebe parte das vendas e royalties. São sapatos e bolsas pela Lilly`s Closet, do grupo Paquetá, óculos de sol e de grau pela It! Eyewear, esmaltes da Beauty Colors e produtos de beleza da Yes Cosmetics. 

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“Imagino que me chamem muito porque uso de verdade as roupas e participo em todos os detalhes. Esse é o meu jeito”, afirma Sabrina, que briga para aliar preços populares e as últimas tendências naquilo que leva seu nome. Além disso, ela costuma divulgar os lançamentos diariamente em seu Instagram, que conta com mais de 1, 8 milhão de seguidores. “Hoje em dia tudo é junto e misturado. Não tem essa de atingir só um público, por que todos têm acesso a tudo online. A gente tem que ter esse jogo de cintura.” 

Sabrina sabe negociar. Tanto que na transição de emissora, por exemplo, ela levou alguns dos patrocinadores do antigo programa e conseguiu novos. Como a Nestlé, que divide o espaço comercial com Procter & Gamble, representados pela Wella e Gillete Vênus, a cerveja Brahma Sem Álcool, as maquiagens da Vult e a empresa de telefonia Claro. No pacote dos contratos, posts promocionais no Instagram, eventos e campanhas já vêm inclusos na maioria das vezes. O que faz com que sua imagem reverbere ainda mais e conseguiu que faturamento anual triplicasse de 2012 para cá. 

Estima-se que entre os valores de publicidade e salário da Record, ela atinja os R$ 1 milhão por mês, levando em conta que dependendo do mês seu salário pode chegar a entre 25% ou 45% da soma total. Segundo ela, pão dura assumida que é, tudo está sendo guardado para investir no futuro dos muitos filhos que pretende ter. “Mas isso vai ainda demorar um pouco. Preciso primeiro ter tempo para mim”, diz ela, que grava de segunda-feira a domingo, numa rotina corrida.

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Com a agenda cada dia mais tumultuada por conta das gravações, divididas em estúdios da Record em São Paulo, em Paulínia e nas locações externas dos quadros Sabrina Esteve Aqui e Entrevista de Emprego, a apresentadora conta com a irmã Karina, seu braço direito. Num misto de empresária e assessora, Karina cuida de todos seus contratos e atividades. “Faço a agenda dela, da hora que acorda até a hora que vai dormir”, conta ela, que comanda ao lado do irmão Karin a empresa de assessoria SatoRahal. Festinhas na casa dos amigos, sempre acompanhadas pelo namorado João Vicente Castro, ator e um dos fundadores do canal Porta dos Fundos, entram no script de Sabrina sempre que possível. Treinos espartanos na academia de madrugada, tempo que lhe resta para os cuidados com o corpo, também não são raros.

Sabrina sabe bem de seus grandes alicerces, a família e os amigos, e faz questão de os manter por perto onde quer que esteja. Os irmãos e o trio inseparável formado pelo stylist Yan, o maquiador Markito Costa e o secretário Roni Macedo estão quase 24 horas com ela. As amigas da infância, às vezes vão encontrá-la no intervalo das gravações e o sobrinho Felipe, filho de Karina, também vai ao encontro da tia entre um compromisso e outro dela. “Estou trabalhando feito uma condenada, não tenho tempo para mais nada”, diz ela.

Por mais que o sucesso aumente em função exponencial, a simplicidade de Sabrina fala mais alto. Ela faz de suas origens um elemento importante na sua identidade e, de certa forma, isso tem um grande valor no mercado das vaidades. O empresário Miled Khoury diz que a melhor qualidade dela é não ter mudado em nada desde que começou. Talvez seja esse o segredo da mulher que consegue rir de si própria, com torta na cara em pleno horário nobre e no dia seguinte dar o ar da graça no Hotel Fasano, o mais fino de São Paulo. Ou então frequentar com a mesma desenvoltura as ruas da favela cariocae os desfiles da Semana de Moda de Paris. Prova de que autenticidade é algo que nunca sai de moda.

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