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A música e a moda no show dos Rolling Stones

O look fashionista de Mick Jagger, o figurino pop de Ron Wood, Can’t Be Seen With You cantada por Keith Richards… Após assistir à apresentação da banda em Buenos Aires, a modelo Michelli Provensi fala sobre o show da turnê ‘Olé’, que estreia no Rio no sábado, 20

Por Michelli Provensi
Atualização:
Os Rolling Stones voltaram ao Hyde Park, em julho do ano passado, 44 anos após histórico show no parque londrino, e se apresentaram para uma plateia de 65 mil pessoas. A banda recebeu convidados como Gary Clark Jr., que entrou em cena para tocar Bitch, e os corais Voice Chamber e London Youth Choir para a introdução de You Can't Always Get What You Want. Foto: Reuters

O ano começa e tem aquela coisa de lista de dar check na vida. Limpar o armário: check. Inscrever-se numa maratona: check. Cortar gastos: check. Deixar o cabelo crescer: check. Continuar na aula de violão já que você largou o curso de pandeiro nível 1 na metade do ano passado: check. Mas tem um check que sempre quis dar e fiquei enrolando até o dia em que tivesse aquela “ótima companhia”, que dá a mão para você atravessar a rua e o coração pula. Buenos Aires tem aqueles clichês de ser a Paris da América, um lugar para descansar, comer bem e ver shows - já que os argentinos são considerados a melhor plateia do rock -, garimpar coisas, usar suas milhas e gastar pouco. Tudo continua igual, menos o último item. Para brasileiro, em tempos de moeda fraca, gastar pouco só com criatividade.

Deu para perceber que dei um check em conhecer Buenos Aires, mas fiz isso para dar o check de assistir pela primeira vez a uma apresentação ao vivo dos Rolling Stones. Como não dar um check numa banda que tem música em todos os karaokês do mundo, que tem um líder rei do remelexo e que, há 50 anos, influencia a moda. O show aconteceu no estádio de La Plata, cidade nos arredores de Buenos Aires, que recebeu os Stones pela primeira vez.

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Na porta do estádio comprei uma camiseta da banda, com o famoso logo da boca, símbolo da banda criado pelo designer John Pasche, que, dizem as boas línguas, remete aos lábios de Jagger. Na parte de cima, em vez do nome Rolling Stones, estava escrito “Rolita” - lembrei que as argentinas que curtiam rock nos anos 70 eram chamadas de chicas rolitas e tinham um cabelo curto, com franja e volumoso, parecido com o da modelo do momento, a argentina Mica Arganaraz.Fui dar um google e de rolita só encontrei pombas. Tudo bem: eu gosto dessa história e cabelo estilo permanente está mesmo na moda.

O show começou e Mick Jagger entrou no palco com um terninho verde besouro, tipo o da última campanha da Gucci, sempre fazendo aquela dancinha clássica de quem está caminhando segurando xixi. Quando ele parava, os Hermanos pediam mais. Conheci Sir Mick Jagger no backstage do desfile da estilista L’Wren Scott, namorada do cantor que se suicidou em 2014. Mick ajudou a fazer as polaroides das modelos e ficava passeando com uma câmera na mão no camarim. Eu demorei para reconhecê-lo sem aquelas roupas justas e as dancinhas.

Voltando ao show, o figurino de Ron Wood era o pior - as combinações alegres das camisetas com as jaquetas o deixaram pop demais. Já o baterista Charlie Watts, sempre tímido e discreto, optou pelo básico camiseta branca e calça jeans, uma combinação meio celeste nos tons da bandeira argentina. Meu stone favorito, o guitarrista Keith Richards, como sempre deu uma aula de estilo - a jaqueta de seda com estampas de coqueiro foi a minha peça favorita. Rola pegar umas peças emprestadas do namorado, mas que sonho ter um avô com um guarda-roupa assim!

No setlist, não faltaram clássicos. Eles abriram o show com Start Me Up, seguiram com It’s Only Rock’n’Roll, Tumbling Dice, Out Of Control, Street Fighting Man (pedida pelo público no Twitter), Anybody Seen My Baby, Wild Horses, Paint It Black, Honky Tonk Woman, Can’t Be Seen With You (docemente cantada por Keith Richards), Gimme Shelter, Brown Sugar… Pela idade dos caras eu arriscaria dizer que esta pode ser a última turnê mundial dos Rolling Stones. Mas, como costuma dizer um amigo: “quando você fuma, perde um segundo de vida, que vai para Keith Richards”. Rock and roll: check!  

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