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Competitividade versus produção

Questões tributárias, falta de tecnologia e pouca mão de obra qualificada são alguns dos entraves da indústria têxtil para ser mais competitiva

Por Helena Tarozzo
Atualização:
Na mesa, Roberto Davidowicz, presidente da ABEST, Flávio Rocha, CEO da Riachuelo e Ernesto Bernardes, diretor de Projetos Especiais do Estadão debatem sobre Competitividade e Produtividade Foto: Amanda Perobelli/Estadão

No quarto e último painel do Fórum Estadão Negócios da Moda, a conversa rondou o tema “Competitividade e Produtividade”. Na mesa estavam Roberto Davidowicz, presidente da ABEST, e Flávio Rocha, CEO da Riachuelo, como convidados, e Ernesto Bernardes, diretor de Projetos Especiais do Estadão, como moderador. A competitividade brasileira foi um dos temas que percorreu as mesas anteriores indiretamente e nesta foi abordada como tema principal em contraste com a produtividade, levando em conta a esfera global que demanda cada vez mais velocidade a preços baixos. Abaixo, confira os destaques da palestra:

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O cerne do problema “Estamos exatamente no olho do furacão e, definitivamente, aumentar nossa competitividade é o nosso grande desafio, reinserindo o Brasil no mercado como ele era há 20, 30 anos. Hoje temos que repensar atuação daqueles que “puxam a carruagem” e daqueles que “estão confortavelmente sentados nela”, porque a competitividade é uma proporção entre essas duas forças, e não há como ir para frente se o peso em cima é peso morto”, explanou Flávio Rocha, se referindo às políticas brasileiras que brecam a produção nacional.

Na mesma toada, Davidowicz completou: “O Brasil tem muito potencial para produzir. Sabemos o que precisamos, só faltam as ações”.Segundo ambos, o problema maior que trava a indústria têxtil é a complexidade com que o assunto é tratado por instâncias maiores, ao invés de ser abordado de uma forma mais sintética.

Questão tributária “Há dois universos empreendedores: os pequenos, com problemas trabalhistas, e os grandes, com problemas de encargos tributários. Os pequenos vão ter problemas maiores de escalas na confecção, enquanto os outros vão arcar com outros custos. Por isso, existem empresas que poderiam competir fora e não competem”, explicou Flávio Rocha sobre uma das principais implicâncias no mercado. Já Roberto Davidowicz acredita que a competição deve vir da mente do criador, do estilista, e, como o Brasil é cada vez mais bem visto no cenário internacional, é uma questão de saber melhorar os problemas internos para depois ter mais procura pelos estrangeiros.

Inovação Foi nítida a preocupação pelo pouco avanço tecnológico em matérias-primas em mais de uma mesa. Nesta, foi citada por Davidowicz como a principal dificuldade para os estilistas em buscar inovação, além de ser um dos principais motivos que encarecem a produção nacional e faz com que um produto tenha mais ou menos valor agregado para exportação.

Mão de Obra Dentro dessa questão, a mão de obra qualificada entra como um dos principais diferenciais. “Realmente, a mão de obra brasileira já foi muito boa no passado e pelo novo mercado de trabalho ela se perdeu. Ainda existe mão de obra que faça esse tipo de serviço e ela é de grande relevância, mas cabe às autoridades incentivar esse tipo de produção. Porque perdemos o tino e o Brasil precisa dessas pessoas”, explicou Davidowicz. Rocha falou sobre os jovens talentos, que “estão cada vez mais atraídos por outras áreas de negócios da moda e de varejo, que são habitats de carreiras muito prósperas”.

Dificuldades “O Brasil é um país que concentra todas as cadeias produtivas, mas que possui muitas dificuldades com as normas regulatórias que atravancam em mínimos detalhes”, disse Davidowicz sobre as principais dificuldades do mercado. Rocha ainda completou que esses impasses estão também na área ambiental e que o governo não trabalha como parceiro para retomar a competitividade.

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Soluções “Está deflagrado um clima de urgência contra esse modelo que não é sustentável. É preciso convocar uma reforma no Congresso que resolva essas posições antagônicas tendo em vista competitividade e produtividade. O Brasil precisa soltar a trava com uma taxa menor para cada vez mais gerar um contracheque maior”, finalizou Flávio Rocha.

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