Conheça os verdadeiros Cool Hunting

A história por trás do site que popularizou o culto aos caçadores de tendências

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Por Jorge Grimberg
Atualização:
Evan Oresten e Josh Rubin: os fundadores do site Cool Hunting Foto: Divulgação

 

 

Em 2014, o site Cool Hunting completa onze anos. Um dos pioneiros a juntar inspirações, o site foi responsável pela popularização do termo, que atualmente é usado em cursos de pesquisa no Brasil e no mundo. Ter um diploma em "Cool Hunting" tornou-se desejo de muitos jovens que sonham em serem pagos para buscar inspiração nas ruas das capitais da moda no mundo todo. 

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Por trás do culto estão Evan Oresten e Josh Rubin. Naturais dos EUA, eles começaram em 2003 juntando coisas que os inspiravam em um site, que hoje comporta também uma agência de mídias digitais, um canal de vídeos e um dos aplicativos com mais downloads no seu segmento na Apple Store. Atualmente, a vida dos dois é muito diferente da rotina de quando começaram. Evan e Josh podem estar dirigindo carros que ainda não foram lançados em um deserto remoto, sendo cobaias para testes em novos aparelhos da Apple e Google ou constantemente visitando os principais eventos de arte e design no mundo com acesso antes do grande público. 

O nome da empresa veio de uma matéria publicada na revista New Yorker (The Coolhunt, publicada em Março de 1997), em que o colunista Malcolm Gladwell explicou um novo fenômeno que estava emergindo no final da década de 90: jovens saindo às ruas na busca por insights para o desenvolvimento de produtos para grandes empresas como Nike e Converse. O Estadão bateu um papo com a dupla para desvendar a história por trás do mito. 

Como vocês começaram o Cool Hunting? Josh: O Cool Hunting começou como um espaço no qual nós passamos a juntar todas as coisas que nos inspiravam. Não era para ser uma publicação. Ele não foi feito para ter uma audiência ou fazer parte do mundo da mídia. Realmente decidimos juntar fotos e anotações de coisas que a gente gostava para acessar depois como inspiração em novos projetos. Logo, o site começou a desenvolver uma audiência própria. Tivemos uma grande quantidade de acessos nos dois primeiros anos e começamos a ser tratados como uma publicação. Nossos leitores passaram a recomendar coisas ou fazer perguntas, anunciantes queriam ser destaque no site. Percebemos que existia uma oportunidade e decidimos formalizá-la em uma publicação. Então, nós redesenhamos a plataforma, começamos a trazer outros escritores e correspondentes. Nós decidimos torná-lo maior e melhor.

Evan: Isso foi bem no começo em 2003, mas começamos a ser levados a sério em 2005. Desde então, já passamos por diversas reformulações baseados no que queríamos fazer e nas ideias que achavamos mais interessantes. 

Da onde vem o nome Cool Hunting? Josh: A primeira vez que ouvimos falar de Cool Hunting foi em uma matéria da revista New Yorker do jornalista Malcolm Gladwell. No artigo, ele usava o termo um pouco diferente de nós. Malcolm estava falando sobre jovens nas ruas procurando pelo “next big thing” e reportando para empresas que desenvolvem produtos. Ele fala de uma mulher chamada DeeDee Gordon e o trabalho que ela fazia para Nike e Converse de identificação das tendências. Originalmente, o termo Cool Hunting foi usado para caça-tendências, mas isso não é o que queremos dizer quando dizemos cool hunting, porque nós não escrevemos sobre tendências. Nós estamos sempre buscando ideias que sejam “cool”, inovadoras, criativas e interessantes. Esses são os atributos para nós. O que achamos realmente legal. Mas nós nunca falamos no site: Isso é “cool”. Se está no site é porque já é! Para nós, Cool Hunting é sinônimo de uma busca obsessiva por inspiração.

Evan: O que acontece é que profissionais de publicidade, moda, design e marketing estão sempre buscando por inspiração e inovação e, logo, eles procuram muito nosso site. Esses profissionais criativos vêem os assuntos que estamos falando e sabem que nós normalmente encontramos as coisas antes de elas se tornarem populares. Então, sim, nós somos os cool hunting, mas não falamos das tendências. Nós não falamos para o mundo corporativo e, sim, para pessoas que estão buscando coisas diferentes e inovadoras.

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O mundo editorial mudou muito nos últimos 11 anos. Muito do que era cool em 2003 não é mais cool hoje. Como vocês fazem para se manter relevantes? Evan: O cenário mudou dramaticamente. Em 2003, quase não haviam outras publicações on-line que cobrem o tipo de temas que nós cobrimos. Então, as pessoas que estavam interessadas em nossos conteúdos eram acostumadas a esperar um mês para ver a próxima publicação de revistas como Wallpaper, ID Magazine, ou o que eles estivessem lendo. Então, as coisas mudaram muito rapidamente com sites como o nosso.

 Josh: Nós somos segmentados e sabemos o que nossa audiência espera de nós. Nós somos um filtro do que está acontecendo de mais inovador no mundo. Um filtro com opinião. E nossa audiência volta porque nós respeitamos o tempo dela e as outras fontes onde ela busca informação. A maneira que nos comunicamos é muito simples e direta. Nosso público espera ouvir algo novo a partir de nós. Uma história que não ouviram falar ou algo que eles já sabem, mas com um ângulo diferente. 

Um olhar diferente: O vídeo SPFW Summer 2010: The Bikini é o vídeo mais acessado da história do Cool Hunting com mais de 1 milhão de visualizações. 

Como é o processo de busca de vocês por informações inéditas?Evan: Muitos sites podem falar sobre um lançamento da Nike, por exemplo. Nós temos não apenas insights sobre o que está acontecendo, mas temos muitos recursos e acesso a pessoas e marcas que podem prover um ângulo diferente para o desenvolvimento das nossas histórias. Se sentirmos que há algo novo, vamos explorar isso. Contamos sobre o lançamento da Nike, mas falamos sobre a tecnologia de um novo material. Nós sentimos que há uma oportunidade de falar sobre a história das coisas. Nós conversamos com os designers e engenheiros. Assim construímos uma história com diferentes perspectivas de muitos outros sites ou publicações.

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Josh: Nós somos fascinados pela maneira como as pessoas criativas trabalham. Olhamos para os processos por trás do lançamento de um novo produto ou de uma obra de arte. É importante pra nós encontrar esses atributos. Nós temos que tomar muito cuidado para não contar para nossa audiência algo que ela já saiba.

Quem costuma acessar o Cool Hunting? Josh: A audiência do Cool Hunting existe no mundo tudo. Se você é um estilista, um designer ou se você trabalha com marketing, ou se apenas é interessado em criatividade. Nós trabalhamos para qualquer pessoa criativa no mundo que esteja buscando inspiração.

Evan: Muita gente no Brasil lê o nosso conteúdo, mas sabemos que nem tudo que escrevemos está disponível no País, por isso gostamos de pensar que o Cool Hunting pode inspirar um brasileiro a fazer algo diferente, a criar algo que não existe em sua cidade a partir de uma ideia de algo que ele viu no nosso site.

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