'Fraco', diz pai de menino vítima de racismo sobre pedido de desculpas da Animale

O americano Jonhatan Duran contou ter sido expulso da frente da loja quando estava com o filho de 8 anos na Oscar Freire

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Por Redação
Atualização:

 "O meu filho e eu fomos expulsos da frente desta loja enquanto eu fazia uma ligação porque, em certos lugares em São Paulo, a pele do seu filho não pode ter a cor errada." O relato foi postado por Jonhatan Duran, americano radicado no Brasil há 19 anos, em sua página pessoal no Facebook no último sábado, 28. Por sugestão de uma amiga, ele tornou o post público e logo recebeu o apoio de milhares de pessoas indignadas com o ocorrido. Segundo Jonhatan, seu filho de 8 anos foi vítima de racismo na porta da Animale, localizada na rua Oscar Freire, em São Paulo. 

Depoimento de Jonathan Duran no Facebook Foto: Reprodução

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Morador da zona oeste da cidade, Jonhatan trabalha no mercado financeiro e estava passeando ao lado do filho e da esposa, a assistente social Ednilce Duran. "Minha mulher estava em uma loja de sapatos e eu e meu filho fomos comprar sorvete. Como nos desencontramos, paramos na porta da loja para ligar para ela", afirma Jonhatan. "Foi quando uma vendedora saiu, olhou para o meu filho e disse: 'Ele não pode vender essas coisas aqui'. Fiquei sem reação e fomos embora." Jonhatan conta ainda que pouco depois voltou à loja, mas, ignorado pela funcionária, decidiu sair sem brigar.

O pai não registrou boletim de ocorrência e também não pretende processar a marca. "Isso leva muito tempo e preferi levantar a questão de outra forma", diz. Em comunicado enviado à imprensa, a grife se defende: "A Animale, através de sua assessoria de imprensa, informa que já entrou em contato com o Jonathan Duran e reitera que repudia qualquer ato de discriminação. O caso está sendo apurado internamente." A resposta não convenceu a família Duran, que ainda aguarda um pedido de desculpas oficial. "Não está nada resolvido. Abri um diálogo com eles, mas me decepcionei novamente com a postura da empresa. O pedido foi fraco", diz Jonhatan.

Texto divulgado pela Animale em sua página Foto: Reprodução Facebook

Isso porque em nota postada na página da grife no Facebook, a Animale diz que "sempre se posicionou de forma democrática em todas as sua expressões." Convidou ainda os clientes para conhecerem as lojas, que têm "uma grande equipe formada por profissionais das mais diversas etnias, orientações sexuais e credos. Sem limitações de imagens perfeitas impostas pela moda."

A postagem não convenceu Jonhatan. "Está claro que foi um texto escrito por advogados e relações públicas para não comprometer a imagem da marca", afirma. Para ele, o racismo no Brasil ocorre de maneira velada e deve ser discutido com urgência. "Acho irônico que isso tenha acontecido bem na Oscar Freire. No mundo do meu filho, que é de classe média, não há muitos negros. Ele não entende o que é isso ainda, mas de alguma forma sente. Sou da Luisiana, estado americano que tem muitos negros. Em uma viagem recente para lá, ele me disse. 'Eu gosto daqui porque tem muita gente marrom'."

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