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O corpo mais bonito da temporada

Angel da Victoria’s Secret, a top paulista Gracie Carvalho foi eleita a dona do corpo mais belo da temporada de desfiles de verão 2016. Treinos de muay thai na Tailândia, pilates e auto-controle são os segredos das medidas perfeitas

Por Marina Pedroso
Atualização:
Gracie Carvalho para a revista Allure Foto: Greg Kadel

De bíquini, maiô ou vestido comportado, só deu ela na última temporada de desfiles do São Paulo Fashion Week. Pudera. Aos 25 anos, Gracie Carvalho, paulista de São José dos Campos, é uma modelo atípica, com pele morena e cara de saudável, nem magra nem curvilínea demais. Suas medidas - 1,77 metro de altura, 60 centímetros de cintura, 77 de busto e 89 de quadril - renderam a ela o título de corpo mais bonito da fashion week, segundo os principais editores e revistas de moda do país. 

A boa forma é fruto de muita luta. Mesmo: Gracie pratica e leva a sério as aulas de muay thai, o boxe tailandês. “Eu torcia o nariz antes porque todas as minhas amigas faziam e eu achava que era modinha”, diz. “Mas acabei conhecendo a filosofia do esporte e me apaixonei.” Gostou tanto que no final do ano passado tirou férias para ir à na Tailândia se dedicar a treinos mais pesados. Além de ganhar hematomas, definiu o corpo com um intensivo de agachamentos, flexões de braço, chutes e boxe. “Também desenvolvi bastante a espiritualidade e a mente”, afirma. “Isso influenciou minha alimentação. Com um melhor controle da mente, agora resisto numa boa a tentações. Até superei a compulsão por coxinha!” Além da luta, Gracie pratica pilates para ganhar flexibilidade e fortalecer a lombar. 

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Tanto esforço garantiu à top um contrato cobiçado e duradouro como angel da grife de lingerie Victoria’s Secret, posto que ocupa desde 2010. A conquista lhe trouxe visibilidade. Nos últimos cinco anos, a modelo abocanhou campanhas de grifes renomadas, como Ralph Lauren, DKNY, Gap e Tommy Hilfiger, e se tornou requisitada no setor comercial de moda praia, que constitui maior parte de seus trabalhos atualmente. “Ganhei tantos clientes que preferi priorizá-los e, por isso, deixei de desfilar por um bom tempo”, conta. “Mas senti falta e resolvi voltar com tudo para as temporadas deste ano.”

Boa de briga, de passarela e de papo, a top vive dentro de um avião e mantém um endereço fixo em Nova York. Garante não ter perdido a simplicidade do início da carreira, quase dez anos atrás. “Muitas meninas entraram no mundo da moda e mudaram a cabeça, se deixaram levar pelo material, mas eu tento manter minha essência para não pirar”, diz. “Quando tenho um dia de folga, adoro varrer o quintal, lavar louça e ficar em casa sem ter que me preocupar em estar bonita.” 

No dia a dia, ela mantém um estilo casual, sem exageros e excessos. Fã das grifes Alexander Wang e Givenchy, Gracie resume seus looks a poucas e boas peças, a exemplo de jeans, T-shirts e, principalmente, botas. “Não tiro minha “harrow boot”, da Rag & Bone, do pé. Tenho três pares e levo comigo até quando vou à praia”, conta. E quanto à lingerie? “Depois que comecei a trabalhar com isso, virei uma consumidora seletiva. Nada de mostrar a alça do sutiã ou de usar uma cor que contraste com a blusa”, diz. “Adoro o estilo francês, todo rendado e sem bojo. Quanto mais simples, melhor.”

Gracie tem um corpo e tanto, é verdade. Mas em poucos minutos de conversa mostra ser bem mais que isso. Tanto que, quando perguntada sobre sua visão da moda brasileira, a modelo solta o verbo. “Nós nos baseamos além da conta na moda internacional. Isso reflete em algumas contradições. Por que ter um comportamento masculino na passarela quando, na verdade, as brasileiras rebolam? Isso é influência europeia. Adoraria que vendessemos o que temos no nosso país”, diz. Outro problema, para ela, é o casting. “Lá fora, faz todo o sentido que a maioria das modelos sejam brancas, dos olhos claros. Infelizmente, é o biotipo predominante na moda brasileira também. Há pouquíssimas negras desfilando. Melhorou muito desde que comecei, mas ainda temos muito chão pela frente.”

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