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O retorno dos relógios pequenos

Marcas consagradas redefinem a ideia de pulso forte ao lançar relógios masculinos com inspiração clássica e caixas que não ultrapassam os 39mm

Por Fabiana Moritz
Atualização:
O figurino elegante da série Mad Men Foto: Divulgação

Pode ser (ainda) influência de Mad Men, a premiada série norte-americana passada nos anos 1960, que resgatou os pormenores do vestuário clássico masculino (prendedores de gravatas, lenços de bolso, relógios refinados) – a sétima e última temporada foi ao ar em maio. Ou ainda reflexo de um novo perfil de consumo que privilegia a discrição em vez da ostentação. Fato é que agora fabricantes consagrados apostam em relógios de inspiração vintage, com linhas finas e arredondadas, bem menos chamativos do que os exemplares de cerca de 43 milímetros de diâmetro que marcaram o estilo de uma década atrás. “Os relógios cresceram a ponto de ficarem deselegantes”, afirma Christian Hallot, embaixador da H.Stern no Brasil, marca que lança neste mês a linha Racing, com modelos de 38mm que lembram os clássicos dos anos 1930. “A tendência atual é valorizar as peças que parecem herança de família. A discrição está na moda”.

A última edição da BaselWorld, feira mais importante do setor, que aconteceu em março na cidade de Messe Basel, na Suíça, confirmou o movimento. A novidade da japonesa Seiko, por exemplo, foi a versão de 37,6mm de diâmetro do clássico Grand 62GS de 1967. A Rolex lançou a versão de 39mm do Oyester Perpetual, seu relógio mais tradicional, original de 1926. A Omega apresentou o Globemaster Co-axial Master Chronometer de 39mm, uma reedição do modelo criado em 1952, que passa a ser o único chronometer da marca com duas certificações de institutos suíços diferentes, e chega ao Brasil em novembro. 

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O historiador de moda João Braga lembra que, até o fim da década de 1940, relógios leves e sóbrios eram sinônimo do requinte entre os homens. As versões robustas para o pulso surgiram na esteira dos cronógrafos da Segunda Guerra Mundial - o Navitimer da Brietling, por exemplo, criado em 1952, indica ângulos de subida e descida e possibilita a verificação do combustível e da velocidade média do avião. “Depois, coube a Hollywood e seus heróis transformar essas peças em moda e símbolo de poder e status”, afirma Braga. A volta por cima dos pequenos teve início em 2008 com o colapso econômico que levou os relojoeiros suíços a olharem para o mercado chinês, que privilegia relógios menores. Grifes consagradas passaram a incluir modelos com essas características entre seus principais lançamentos. 

 “Houve sim uma migração. Os modelos menores e com estética clássica estão entre os mais procurados”, diz Marcelo Buarque de Gusmão, gerente no Brasil da suíça Jaeger-LeCoultre, que há três anos mantém loja em São Paulo. Lançado no ano passado, o Master Ultra Thin Grand 1907, uma reedição do relógio homônimo da marca, é sóbrio e altamente complexo: possui 123 peças em uma caixa mínima de 4mm de altura. Há apenas uma peça disponível no país. 

Em tempo: O alemão Bernhard Roetzel é uma das maiores referências em moda masculina do mundo. Na obra 'Gentleman, Livro da Moda Masculina Clássica', ele apresenta dicas preciosas de como escolher uma camisa, um terno e ainda como fazer belos nós de gravatas. Sobre relógios, ele diz o seguinte: “A compra de um relógio não deverá estar dependente de modas ou tendências, porque se trata de algo que você vai usar por muito tempo. O que interessa é se o relógio lhe fica bem e combina com seu estilo - e se você gosta mesmo do relógio”.

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