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Patricia Bonaldi apresenta sua coleção de festa em Paris

Depois de anunciar a entrada na SPFW, com a Pat Bo, estilista investe em sua imagem no exterior e compra uma terceira marca

Por Maria Rita Alonso
Atualização:
Além das pedrarias, miçangas, seus longos agora trarão estampas exóticas em duchese de seda cintilante Foto: Sergio Castro/Estadão

Entre os jovens talentos da moda nacional, há uma estilista muito bem-sucedida. Especializada em festa, Patricia Bonaldi criou uma das empresas de moda que mais cresceram no país na última década. Além de sua marca homônima, em 2012 expandiu os negócios e lançou a segunda linha, com roupas casuais, coloridas e sexy, chamada Pat Bo. Deu passos certeiros e teve uma boa sacada: foi a primeira estilista brasileira a contratar blogueiras para fazer propaganda. Investiu no próprio Instagram, impulsionado por essas mesmas blogueiras, e hoje a sua conta pessoal na rede agrega mais de 635 mil seguidores.

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Resumindo, ela virou um desses fenômenos da internet que são reconhecidos como celebridades, distribuem autógrafos na rua e faturam alto divulgando de refrigerante a produtos de cabelo. Aos 34 anos, prepara-se agora para dar dois passos bem ousados. Em outubro, vai apresentar sua coleção de vestidos de noite em Paris, em um evento paralelo à semana de desfiles. Além das pedrarias, miçangas, tules e rendas, seus longos agora trarão estampas exóticas em duchese de seda cintilante. Será seu debut no mundo da alta moda e eventos como esse não saem por menos que 200 mil euros. "Estamos vivendo uma revolução. Com as redes sociais, os consumidores têm voz. E eles buscam uma moda que encha os olhos e desperte desejo. Por isso, a Patricia faz sucesso enquanto alguns estilistas mais conceituais patinam", acredita a blogueira Thássia Naves, uma de suas parceiras.

Logo em seguida, Patricia estreia com a marca Pat Bo na temporada do São Paulo Fashion Week. Com esses movimentos, ela busca agora um lugar no seleto grupo dos principais estilistas nacionais. No meio da moda, ela sofre um certo preconceito e suas criações são consideradas comerciais e pouco autorais. "Patricia investiu em uma estética barroca, que é a cara do Brasil. Fez o caminho contrário ao dos estilistas brasileiros que apostam em linguagens mais contemporâneas", diz a editora de moda Flavia Lafer. "Claro que deve ter muita gente do mercado torcendo o nariz para isso. Principalmente porque ela deu muito certo".

Patricia cursava a faculdade de Direito, quando decidiu casar e ir morar com o marido no Japão. "Fui trabalhar, estudar inglês e fazer dinheiro. Não tinha capital próprio e precisava resolver esse problema." Durante três anos, ela deu expediente como operária em fábricas, com horários puxados e bons rendimentos. Voltou com pouco mais de 100 mil reais e abriu, em sociedade com o marido, sua primeira loja focada em vestidos de festa. Com tempo passou a ter uma linha própria de produção e a vender para multimarcas de luxo de todo o Brasil. "Venho de uma família de classe média baixa de Uberlândia, em Minas Gerais, e cheguei até aqui porque queria muito ter o meu negócio e sempre tive tino", diz ela. "Dei um passo de cada vez ".

Hoje, a estilista tem mais de 140 pontos de venda, nacionais e internacionais. Para ampliar seu mercado, abriu empresas em Miami, em Dubai e em Madri. Essas empresas cuidam da importação das peças e, dessa maneira, no exterior ela comercializa tudo já nacionalizado. Galerias renomadas como a Harrods, na Inglaterra, e a El Corte Inglés, na Espanha, vendem suas marcas. Recentemente, ela fechou também com o e-commerce italiano de luxo Luiza Via Roma.

"Patricia é uma grande representante do bordado mineiro e uma vitrine para o mundo, porque vende superbem no exterior", diz Susana Barbosa, diretora de moda da revista Elle. "Como boa mineira, ela pensa grande, foi de pouquinho em pouquinho, pelas beiradas e, de repente, chegou ao topo." 

De olho em um público mais moderno, Patricia acaba de comprar a marca Apartamento 03, do estilista Luiz Claudio Silva, que deve continuar à frente da criação. "Segui meu instinto e fiz o negócio. Esse projeto hoje é o meu xodó".

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Há alguns meses, Patricia comprou também um apartamento nos Jardins e veio morar em São Paulo, onde tem duas lojas, uma na Rua Bela Cintra e outra no Shopping JK. Em um edifício comercial, na Rua Augusta, montou a segunda oficina. Ali, reúne em torno de 50 costureiras. Em Uberlândia, onde a maior parte das peças é confeccionada, tem uma fábrica maior com outros 150 funcionários. Indiretamente, segundo seus cálculos, emprega quase 500 pessoas. As bordadeiras são todas terceirizadas e trabalham em suas casas. Os vestidos demoram de 3 a 90 dias para ficarem prontos, dependendo dos desenhos e bordados. Eles custam de 3 mil reais a 12 mil reais.

Boa parte dos tecidos vem de tecelagens da Itália e de Paris. Alguns de seus fornecedores abastecem grifes como a Valentino. Não é raro ver atrizes cruzarem tapetes vermelhos com suas criações. Marina Ruy Barbosa e Fernanda Paes Leme estão entre elas. Não por acaso são estrelas com grande influência nas redes sociais. "As famosas têm muitas festas e sempre precisam usar algo novo em suas aparições", diz Patricia, que costuma emprestar seus modelos. A prática é comum: celebridades usam o vestido, são fotografadas, fazem propaganda e depois o devolvem. Recentemente, a estilista recebeu um e-mail da irmã e assessora de Gisele Bündchen. Ela pedia um look para a top usar durante um evento em São Paulo. Patricia mandou três opções e avisou que não precisava devolver. Afinal, não é nada mal ter uma modelo como Gisele desfilando sua roupa por ai. 

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