PUBLICIDADE

Ronaldo Fraga leva identidade brasileira a capitais através de loja itinerante

Conhecido por sua essência autoral, estilista mineiro celebra cultura nacional e percorre o País com conjunto de trabalho em moda e cultura

Por Mariana Belley
Atualização:

Ronaldo Fraga tem novidades. O estilista mineiro acaba de instalar uma loja temporária na Casa Samambaia, na Vila Madalena, em São Paulo, com fragmentos de suas duas coleções passadas: “O caderno secreto de Cândido Portinari" desfilada na São Paulo Fashion Week temporada Verão 2015 e a coleção “Carne seca” da temporada Inverno 2014. Sua coleção para crianças e a masculina, objetos de papelaria e CDs com as trilhas dos desfiles também integram a loja que recebe, além de todo esse material, o livro “Uma festa de cores - Memórias de um tecido brasileiro” que revela uma nova faceta da carreira do estilista: o de contador de histórias. Na publicação o mineiro narra a história do tecido Chita, à convite da escritora e ilustradora alemã Anna Göbel.

PUBLICIDADE

Em entrevista ao Estado, Ronaldo fala sobre os novos endereços pelos quais sua loja temporária irá passar, sobre a dificuldade em produzir roupas no Brasil e defende seu trabalho autoral. 'Diante dessa invasão chinesa que dominou o mundo, onde tudo tem gosto de plástico e cara de fast-fashion, o trabalho autoral vem ganhando cada vez mais valor porque é uma uniformização que não combina com tempos libertários como o nosso. ' Leia a entrevista: 

Por que você pensou em uma loja temporária? Já era um desejo antigo trabalhar dessa forma, porque é uma maneira de levar meu produto de encontro a um consumidor que acompanhe o meu trabalho. E estou adorando porque você chega, arma um circo, toma um drink, escuta música, compra uma roupa e vai embora. A Casa Samambaia, em São Paulo (local onde acontece a loja temporária) é super gostosa, tem muito a ver com valores que acredito e com a loja que nós tínhamos em São Paulo.

Temos lá a última coleção de verão 'O caderno secreto de Cândido Portinari' e a coleção 'Carne Seca', então são fragmentos de algumas coleções. Tem um pouco da linha para crianças e a masculina e objetos de papelaria, calçados, bolsas, CDs com as trilhas dos desfiles. Em fevereiro vamos para Porto Alegre, em março para o Rio de Janeiro, em maio vamos para Belém e, em Brasília, chegamos em agosto.

Você acha que uma moda autoral como é a sua, e não comercial, como a de fast-fashion, é mais difícil de ser comercializada e vendida? Por quê?Não. Hoje, nós temos um problema no Brasil, tanto para a moda autoral, como para a moda comercial, que são os custos de produção. A moda brasileira é cara, é difícil de produzir, ela vive sob as taxas - 60% do que as pessoas pagam em uma roupa, são impostos. Essa é a pior parte. Diante dessa invasão chinesa que dominou o mundo, onde tudo tem gosto de plástico e cara de fast-fashion, o trabalho autoral vem ganhando cada vez mais valor porque é uma uniformização que não combina com tempos libertários como o nosso. O que me dá muito prazer é pensar alternativas criativas para uma nova forma de consumo que não seja só o caminho do shopping center. Eu, Ronaldo, como consumidor pago para não entrar em um shopping.

No livro 'Uma festa de Cores' você resgata a história da Chita, um dos tecidos mais emblemáticos da nossa cultura. Conte um pouco sobre suas descobertas?É uma história contada em primeira pessoa da Chita que é um tecido que originalmente nasceu na Índia, passou pelo Oriente, pelos países árabes, caiu na mão dos ciganos, até chegar no Brasil. Por aqui, ele ganhou uma identidade brasileira pelas cores e nos desenhos, além de ser sinônimo de festa e devoção. Eu fui convidado pela Anna Göbel a fazer o texto do livro sobre a Chita. E, então, nasceu esse desejo de fazer um bem material e imaterial da cultura brasileira para as crianças.

Nós gostamos de cor e de motivos vibrantes. A estamparia evoluiu muito no Brasil nos últimos anos?Evolui demais. O brasileiro tem gosto pela estampa. Você consegue entender a identidade de um país pela estampa que ele faz. Os japoneses, por exemplo, tem um jeito de compor cor que o brasileiro não faria. E o brasileiro tem um jeito de compor cores que ninguém faz no mundo inteiro. Nós somos vibrantes, amorosos, mestiços.

Publicidade

Seus desenhos ganharam várias linhas de roupa de cama e de objetos para casa, em parcerias com grandes marcas como a Tok Stok. Como você consegue transportar o seu olhar de moda para esses outros universos? Não considero 'olhar de moda', mas um olhar de autor que imprimo da moda, no design, na ilustração, na decoração. Acredito que o designer conta uma história através do desenho.

Loja temporária Ronaldo FragaLocal: Casa Samambaia | Rua Gonçalo Afonso, 65 - Vila Madalena Dias 11 e 12/12 (quinta e sexta) - das 11h às 19h Dia 13/12 (sábado) - das 11h às 20h

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.