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Streetwear e Oriente são tendências

A frente fria coincidiu com um dia quente de desfiles na SPFW, que teve Lenny Niemeyer e Alexandre Herchcovitch

Por Maria Rita Alonso e Giovana Romani
Atualização:
A proposta de Reinaldo Lourenço foi misturar o estilo de rua com alta-costura Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

A queda da temperatura na cidade veio para endossar o novo momento da São Paulo Fashion Week, que, nesta edição, aboliu as nomenclaturas primavera-verão e outono-inverno. Afinal, no Brasil, não há estações definidas e o clima pode mudar do dia para a noite. Na quarta-feira (27) de desfiles, com média na casa dos 15ºC, houve quem circulasse pela Bienal de casacão e quem aparecesse de minissaia. Nas passarelas, também se viu um pouco de tudo: de looks de veludo assinados por Vitorino Campos a maiôs e biquínis de inspiração oriental de Lenny Niemeyer. 

O desfile da estilista carioca, aliás, já pode ser apontado como um dos mais bonitos da temporada. Lenny faz uma moda praia primorosa, sofisticada, bem acabada e que, sim, transita com maestria entre as estações. Baseada na cultura milenar japonesa, a coleção teve jaquetas bombers com estampa de carpas, quimonos em jacquard de seda e maiôs com amarrações de cordas inspiradas na arte shibari. “Não conheço o Japão, então trabalhei com o que tinha no imaginário”, diz Lenny. “As estampas são supericônicas: há carimbos, tigres, flores, garças. Usei essas imagens clássicas desconstruindo as modelagens em shapes mais contemporâneos.” O japonismo e o culto a referências do Oriente é, de fato, uma das principais tendências de agora. A Iódice também apostou no tema.

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Mas de um jeito bem anos 1990, com vestidos coluna e uma série de camisas interessante: camisas-vestido de seda, estampadas, amarradas, com os punhos cobrindo as mãos... Tudo solto, largo e leve. Depois de três dias de desfiles, é fácil identificar as novidades que estarão nas vitrines. A camisaria de algodão, linho ou seda com certeza é uma delas. Os mules definitivamente estão de volta. No desfile da Iódice, apareceram com saltos de madeira grossos e também sem salto, parecidos com sapatos árabes.

Cores fortes como o amarelo e o laranja se impuseram nas passarelas. E o jeans veio bruto, sem lavagem, como se tivesse sido roubado do guarda-roupa de um homem dos anos 1970, quando o brim ainda era encorpado e duro. No desfile de Vitorino Campos, que abriu o dia de apresentações, ele surgiu em calças amplas e jaquetas longas, abaixo do joelho. “As calças tinham tamanho único e as ajustamos com um alfinete no corpo de cada modelo”, conta Vitorino. Há no ar uma ode ao street style: a roupa feita para ser usada na cidade, prática e confortável, baseada em peças comuns. A própria jaqueta jeans, por exemplo. Ou os paletós com ancas marcadas, os casacões esportivos e as jaquetas de couro.

Em sua estreia à frente da marca À La Garçonne, de seu marido Fabio Souza, Alexandre Herchcovitch investiu nessa fórmula. Em sintonia com o movimento do “streetwear couture”, que tomou conta de Paris na última temporada, capitaneado pelo coletivo francês Vetements, Herchcovitch mostrou vestidos de lã xadrez, risca de giz, camisas de flanela de cashmere e blusões de neoprene. Trouxe ainda uma série de calças curtas levemente abertas na barra, conhecidas agora como pantacourt (outra tendência). O estilista, que perdeu o domínio de sua marca desde que deixou a direção criativa no grupo InBrands, abraçou a causa da sustentabilidade. Na coleção, remodelou peças antigas conferindo a elas design atual. Trata-se da técnica de upcycling, cuja ideia é reciclar dando um upgrade na roupa.

Já Reinaldo Lourenço, outro destaque de ontem, apresentou um best of de sua carreira. A coleção teve como destaques as listras e a icônica camisa branca (olha ela aí de novo!) combinada com saias sofisticadas. Para ele, esse look define o espírito da temporada, que contrasta dia e noite, leve e pesado. “Quis misturar o street style à nova alta-costura”, afirma ele.

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